sexta-feira, 31 de julho de 2009

De volta ao Vórtex

Ele vinha caminhando bem alegre pelas ruas molhadas do centro, pisava nas poças e chutava a água pra cima. Ao redor dele, elas voavam felizes, uma revoada de fadinhas azuis. Ele se dirigiu até um bar num beco escuro, entrou barulhento, sobressaltando os frequentadores soturnos do boteco.

As fadinhas voaram em todas as direções, derrubando canecas de cerveja e banquinhos, um grupo delas se juntou e puxou a barba de um velho roto, muito magro que estava bebendo pinga no balcão, elas riam e dançavam à volta da cabeça do velho, e puxavam seus cabelos, até que ele levantou a mão e a abanou insistente até que elas o deixassem em paz. O jovem que acabara de entrar no bar sabia que era incomum que as pessoas vissem ou sentissem as fadas azuis, isso significava que aquele velho era alguém especial.

- Te pago uma bebida. - Disse o jovem.

- Eu aceito. - Respondeu o velho.

Era tarde da noite e o bar não devia ter mais do que 10 ou 15 clientes sentados em mesas espalhadas. No balcão os únicos eram o velho e o jovem recém chegado.

- Sou Gordon. - O jovem estendeu a mão, mas o velho a ignorou.

- Eu sei. Mestre das fadas azuis, o Convicto, Portador dos Olhos de Besta. - Disse o velho com mistério na voz.

Os olhos de Gordon brilharam, amarelos como os de um tigre, mas logo voltaram ao normal.

- Não se atreva a olhar pra mim com essas coisas! - Ralhou o velho.

- Como você pode ver as fadas? Como sabe dos meus olhos? Quem é você?

O velho cofiou a barba e com um gole terminou o copo de pinga. Levantou-se e começou a andar pra fora do bar. - Vamos dar uma volta garoto.

Os dois saíram do bar, o beco úmido e gelado não intimidou o velho que usava roupas leves e mulambentas. Assim que o rapaz saiu do bar as fadinhas azuis voaram para fora da porta como uma lufada de vento carregando poeira brilhante e azul, elas seguiam os dois pela rua.

- Você sabe onde está? - Perguntou o velho monge-mendigo.

- Sei.

- Tem certeza?

- Claro que tenho certeza, que porra de pergunta é essa?

Os dois continuavam andando no caminho pelo qual Gordon viera, mas de repente, as ruas foram desaparecendo e uma floresta escura e sombria os cercava. Caminhavam por uma trilha mal marcada, corvos estavam pousados nos galhos secos das árvores retorcidas e grasnavam ve ou outra.

- Ainda sabe onde está?

Gordon olhou ao redor, finalmente se dando conta do cenário surreal.

- Onde eu estou?

O velho sorriu com pena. Caminhou até a beira da trilha e se sentou numa pedra. As fadinhas já não mais voavam ao redor do jovem, pareciam ter todas sumido, mas ao longe, de todos os lados da floresta, pequenos pontos vermelhos merchavam na escuridão de encontro aos dois personagens.

- Essa floresta é só um dos muitos lugares sem nome que você vai encontrar por aí. Nós estamos num lugar chamado "O Vórtex". Você já esteve aqui, passou a maior parte da sua vida aqui, mas por alguma razão, você se esqueceu. Agora é hora de relembrar tudo o que passou e finalmente descobrir quem você é. As lições que você tirar disso é que vão te ajudar no mundo real.

Gordon olhava pro velho assombrado, sabia no fundo que tudo aquilo era verdade, mas não tinha ainda idéia do que aquelas palavras representavam.

No chão da floresta os pontos vermelhos foram se aproximando, eram homenzinhos vermelhos com no máximo 2cm de altura e caudas afiadas. Eles cercavam Banks com os bracinhos estendidos, começaram a escalar o corpo do rapaz que assistia paralisado.

- Eles são a Angústia, eles vão te mostrar o que aconteceu. Vão te mostrar o que você esqueceu, mas precisa se lembrar.

Um dos pequenos demônios escalou até a boca de Banks, ela se abriu sem que o rapaz percebesse e o pequenino escorreu-lhe goela abaixo. O que aconteceu depois, já não estava muito claro para Gordon...

A SEGUIR, Guerras Secretas orgulhosamente REapresentam: As Crônicas do Vortex (Versão 2.0)

Um comentário:

Pedro Campos disse...

Muito bom Troll!
\o/
Tá bem envolvente... Rsrs
Cadê o resto?!

 
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