segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Confesso que... (My Identity Crisis)

Confesso que eu amo todo mundo, mesmo quem não merece e mesmo quem eu não conheço, e mesmo quem acha que eu não amo...sim é pra vc mesmo, eu te amo tb, fica assim não. Eu amo que me gostem tanto, amo que me desprezem e que sintam pena de mim, amo que me ignorem e me rejeitem, amo que me mandem sms de vez em quando, amo que me vejam como um herói, amo que me vejam como um vilão, amo que me mander se foder quando eu falo merda, amo que me irritem com um bom dia, amo que me considerem um irmão, amo que bebam comigo, amo que fumem comigo, amo que me perguntem o que foi mesmo quando eu digo que não é nada. Amo demais, tudo isso, a vida, a merda toda na vida, a merda toda na qual nós estamos todos juntos...

Amor demais né? Chega a ser estranho que eu me sinta mal se eu tenho tanto amor assim pra dar, mas acho que o lance é esse. Vida confusa.

Eu acabei de ressurgir das cinzas como uma maldita ave Fênix, mais forte, mais inteligente, mais feroz, mais capaz, mais belo, mais rancoroso. O mundo ainda me parece imenso e inóspito, mas de alguma forma eu me sinto maior que o mundo, como se ele é que lamentasse me ter por perto.

Não me deram escolha nenhuma...eu disse: "Se for assim, eu vou ser mau.", mas ninguém ligou...me permitiram virar essa coisa feliz e vingativa e sem escrúpulos. Eu acredito em karma, o problema é quando eu deixo de pensar que eu estou recebendo o que o universo me deve e começo a achar que eu estou tomando as coisas dos outros. Nesse caso, meu karma me espera ali na esquina.

Acabou a pena que eu sentia de mim, mas surgiram tantas coisas novas no lugar. Levei minha amoralidade aos limites do cinismo. Me tornei a serpente que uns diziam que eu era desde o começo, e me peguei admirado com o brilho das minhas escamas, com a minha velocidade. E como se já não fosse terrível o suficiente me transformar na epítome de tudo que eu sempre odiei, Deus me deu um maravilhoso par de asas com plumas vermelhas, como se dissesse "Vai lá garoto, toca o puteiro!"

Agora eu não tenho mais pena, nem sou inseguro e nem vou implorar nunca mais pelo amor de alguém que tão obviamente não me merece, mas tem sido difícil aguentar o gosto de sangue na boca, das pessoas que eu tenho machucado sem nem perceberem. Eu não me vejo mais como um coitado, mas me vejo como um demônio, um devorador de gente, mas puxa vida, minhas escamas são tão brilhantes que eu não sei se eu quero mesmo ser alguma coisa além disso. Talvez no futuro. Talvez na próxima jogada, quando refizerem minha ficha.

Gordon Banks


[Muito tempo sem postar, a verdade é que eu não tenho a mínima idéia de como continuar a história, mas não se desesperem, eu pretendo continuar e concluir "O Inferno de Gordon"]
 
Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Permissions beyond the scope of this license may be available at 〈=pt_BR.