Ele vinha caminhando bem alegre pelas ruas molhadas do centro, pisava nas poças e chutava a água pra cima. Ao redor dele, elas voavam felizes, uma revoada de fadinhas azuis. Ele se dirigiu até um bar num beco escuro, entrou barulhento, sobressaltando os frequentadores soturnos do boteco.
As fadinhas voaram em todas as direções, derrubando canecas de cerveja e banquinhos, um grupo delas se juntou e puxou a barba de um velho roto, muito magro que estava bebendo pinga no balcão, elas riam e dançavam à volta da cabeça do velho, e puxavam seus cabelos, até que ele levantou a mão e a abanou insistente até que elas o deixassem em paz. O jovem que acabara de entrar no bar sabia que era incomum que as pessoas vissem ou sentissem as fadas azuis, isso significava que aquele velho era alguém especial.
- Te pago uma bebida. - Disse o jovem.
- Eu aceito. - Respondeu o velho.
Era tarde da noite e o bar não devia ter mais do que 10 ou 15 clientes sentados em mesas espalhadas. No balcão os únicos eram o velho e o jovem recém chegado.
- Sou Gordon. - O jovem estendeu a mão, mas o velho a ignorou.
- Eu sei. Mestre das fadas azuis, o Convicto, Portador dos Olhos de Besta. - Disse o velho com mistério na voz.
Os olhos de Gordon brilharam, amarelos como os de um tigre, mas logo voltaram ao normal.
- Não se atreva a olhar pra mim com essas coisas! - Ralhou o velho.
- Como você pode ver as fadas? Como sabe dos meus olhos? Quem é você?
O velho cofiou a barba e com um gole terminou o copo de pinga. Levantou-se e começou a andar pra fora do bar. - Vamos dar uma volta garoto.
Os dois saíram do bar, o beco úmido e gelado não intimidou o velho que usava roupas leves e mulambentas. Assim que o rapaz saiu do bar as fadinhas azuis voaram para fora da porta como uma lufada de vento carregando poeira brilhante e azul, elas seguiam os dois pela rua.
- Você sabe onde está? - Perguntou o velho monge-mendigo.
- Sei.
- Tem certeza?
- Claro que tenho certeza, que porra de pergunta é essa?
Os dois continuavam andando no caminho pelo qual Gordon viera, mas de repente, as ruas foram desaparecendo e uma floresta escura e sombria os cercava. Caminhavam por uma trilha mal marcada, corvos estavam pousados nos galhos secos das árvores retorcidas e grasnavam ve ou outra.
- Ainda sabe onde está?
Gordon olhou ao redor, finalmente se dando conta do cenário surreal.
- Onde eu estou?
O velho sorriu com pena. Caminhou até a beira da trilha e se sentou numa pedra. As fadinhas já não mais voavam ao redor do jovem, pareciam ter todas sumido, mas ao longe, de todos os lados da floresta, pequenos pontos vermelhos merchavam na escuridão de encontro aos dois personagens.
- Essa floresta é só um dos muitos lugares sem nome que você vai encontrar por aí. Nós estamos num lugar chamado "O Vórtex". Você já esteve aqui, passou a maior parte da sua vida aqui, mas por alguma razão, você se esqueceu. Agora é hora de relembrar tudo o que passou e finalmente descobrir quem você é. As lições que você tirar disso é que vão te ajudar no mundo real.
Gordon olhava pro velho assombrado, sabia no fundo que tudo aquilo era verdade, mas não tinha ainda idéia do que aquelas palavras representavam.
No chão da floresta os pontos vermelhos foram se aproximando, eram homenzinhos vermelhos com no máximo 2cm de altura e caudas afiadas. Eles cercavam Banks com os bracinhos estendidos, começaram a escalar o corpo do rapaz que assistia paralisado.
- Eles são a Angústia, eles vão te mostrar o que aconteceu. Vão te mostrar o que você esqueceu, mas precisa se lembrar.
Um dos pequenos demônios escalou até a boca de Banks, ela se abriu sem que o rapaz percebesse e o pequenino escorreu-lhe goela abaixo. O que aconteceu depois, já não estava muito claro para Gordon...
A SEGUIR, Guerras Secretas orgulhosamente REapresentam: As Crônicas do Vortex (Versão 2.0)
sexta-feira, 31 de julho de 2009
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Morre um poeta, nasce um rufião...
No meio do pântano havia uma mansão, tinha a aparência antiga e podre, porém imponente. O interior estava quase completamente vazio, poucos móveis, muitos deles cobertos por pesados lençóis brancos. Camadas seculares de poeira cobriam tudo no interior. Na imensa sala de estar, uma lareira apagada e uma poltrona de camurça vermelha. Sentado na poltrona, observando a noite clara lá fora pela janela embaçada de sujeira, um jovem de cabelos negros e olhos furiosos. Parecia impaciente sentado, balançava a perna direita, parou. Levantou-se e caminhou vagamente pela sala, indo até um ponto ou outro.
Ecoaram passos desiguais no hall de entrada, alguém vinha se aproximando. De repente a lareira se acendeu e um ferro de revirar brasas caiu com a ponta no fogo.
Na entrada da sala de estar apareceu um outro jovem, a mesma constituição, alto e gordo. Eram idênticos na verdade, como gêmeos, mas o recém-chegado tinha sobre o olho direito uma faixa de pano escuro, um tapa-olho improvisado ainda manchado de sangue. A perna direita era amputada logo abaixo do joelho e no lugar da perna uma prótese mal feita de madeira escura.
Os dois se encararam longamente, o ar da sala ficando cada vez mais pesado. O caolho tinha uma aparência ainda mais cruel que seu gêmeo, mas o outro mantinha firme nele um olhar de sagacidade, como se ele soubesse de algo que ninguém mais sabia.
Na poltrona vermelha, uma enorme aranha caminhava por cima da camurça poída, as pernas cabeludas vagarosamente ganhando espaço.
- Você tem certeza? - O caolho perguntou com seriedade.
O outro jovem olhou pela janela, o luar iluminando os charcos, ao longe os grilos cricrilando e alguns sapos coaxando.
- Tenho certeza. - Respondeu convicto.
O caolho mancou até o outro, esse por sua vez se deitou no chão, fitando o teto com determinação. O coxo se ajoelhou com extrema dificuldade, seu corpo enorme apoiado todo no joelho manco. Ele revirou um bolso do casaco pesado que vestia e sacou uma navalha de prata de aparência magnífica, muito brilhante e afiada. Colocou-a no chão empoeirado e voltou a revirar os bolsos.
- Onde raios eu os meti? - resmungou. - Aqui!
Tirou do bolso um par de esferas amarelas e gosmentas, com uma olhada melhor, percebia-se que eram dois olhos de animal. Colocou-os no chão e apanhou a navalha novamente. De maneira dramática, abriu a navalha e a pontou para o céu, a luz da luz refletiu na lâmina afiadíssima.
- Você tem certeza? - O caolho perguntou uma segunda vez.
- Tenho certeza! - O jovem respondeu ainda olhando fixamente para o teto parecendo muito determinado.
O outro encarava o rapaz deitado no chão com um olhar que misturava apreensão e pena.
- Faça! - Ordenou o paciente.
O caolho desceu a navalha sobre o olho direito do jovem, cortou fundo a carne e o sangue escorreu livremente enquanto o rapaz gritava de dor, mas ainda perfeitamente parado deitado no chão. Com a parte chata da lâmina o Caolho puxou pra fora o olho que saiu ainda inteiro da órbita, preso apenas por um cordão carnoso no fundo, a lâmina da navalha cortou o cordão e o primeiro olho foi removido. Com desleixo o cirurgião largou o olho no chão empoeirado, ia começar a repetir a operação no lado esquerdo. Sem hesitar, enfiou fundo a navalha na carne do rapaz novamente e em pouco tempo, apesar dos gritos, o segundo olho foi removido.
O coxo se levantou vagarosamente e foi até a lareira, pegou o ferro de revirar brasas, a ponta que tinha caído no fogo estava agora vermelha e incandescente. Ele voltou até o jovem deitado que gemia de dor. Pegou o primeiro dos olhos amarelos de besta e ligou os dois cordões carnosos com a ponta quentíssima da ferramente de metal, o rapaz nesse momento se debateu e urrou. Com calma o Caolho enfiou o olho na órbita e recosturou as pálpebras. Depois ele repetiu o processo doloso de fundir a carne com o ferro quente e novamente costurou as pálpebras, mas dessa vez do olho esquerdo.
Acabara a "cirurgia", ou pelo menos o ritual, e o macabro aleijado se afastou do paciente. O jovem se sentou com os olhos fechados, depois com algum esforço ficou de pé e então pela primeira vez ele abriu os olhos.
Foi surpreendente. A mansão, antes velha e decrépita, era agora um luxuoso palácio, enfeitado de ouros e pratas e pedras preciosas por todos os lados. Os móveis, agora muitos, eram feitos de madeira de lei e estavam limpos e brilhantes. As paredes e o chão, antes vazios e poeirentos, estavam agora enfeitados com tapetes e tapeçarias esplêndidos. Ao olhar pela janela, os vidros estavam claros como cristais, e a paisagem lá fora não era nada inferior a maravilhosa, um prado imenso e verdejante, onde brisas mornas sopravam de todas as direções, as flores mais coloridas que o rapaz jamais vira estavam coroadas de joaninhas e borboletas e abelhas. Um agradável ruído de cigarras vinha de longe, como nas tardes de verão da infância do jovem.
Ele procurou com seus olhos de besta o seu gêmeo de aparência cruel, mas encontrou o rapaz com cabelo e barba aparados, o olho direito estava coberto por um tapa-olho negro de veludo costurado com fios de ouro e a perna amputada dava lugar a uma prótese de platina incrivelmente brilhante.
- Deu certo. - O jovem recém-operado comentou ainda impressionado com tudo que via.
- Sim, deu certo. Você abriu mão dos seus olhos sensíveis de poeta, seus olhos sinceros e honestos de amante, seus olhos leais de amigo. Por um par de olhos de besta, cínicos, mesquinhos e fúteis! Você agora vê o mundo do mesmo jeito que todas as outras pessoas.
- Eu vejo o mundo como um ignorante. - O jovem disse sombrio.
O caolho se abaixou no chão e recolheu os olhos de poeta, guardou-os no bolso.
- Não vou mais precisar deles, pode jogar fora.
- Vou guardar. Algo me diz que você vai querer de volta.
O cirurgião saiu da mansão e meteu o pé numa poça de lama, os sapos coaxaram no pântano da realidade, mas lá dentro, no palácio da ignorância, tudo estava bem.
Gordon "Troll" Banks
Ecoaram passos desiguais no hall de entrada, alguém vinha se aproximando. De repente a lareira se acendeu e um ferro de revirar brasas caiu com a ponta no fogo.
Na entrada da sala de estar apareceu um outro jovem, a mesma constituição, alto e gordo. Eram idênticos na verdade, como gêmeos, mas o recém-chegado tinha sobre o olho direito uma faixa de pano escuro, um tapa-olho improvisado ainda manchado de sangue. A perna direita era amputada logo abaixo do joelho e no lugar da perna uma prótese mal feita de madeira escura.
Os dois se encararam longamente, o ar da sala ficando cada vez mais pesado. O caolho tinha uma aparência ainda mais cruel que seu gêmeo, mas o outro mantinha firme nele um olhar de sagacidade, como se ele soubesse de algo que ninguém mais sabia.
Na poltrona vermelha, uma enorme aranha caminhava por cima da camurça poída, as pernas cabeludas vagarosamente ganhando espaço.
- Você tem certeza? - O caolho perguntou com seriedade.
O outro jovem olhou pela janela, o luar iluminando os charcos, ao longe os grilos cricrilando e alguns sapos coaxando.
- Tenho certeza. - Respondeu convicto.
O caolho mancou até o outro, esse por sua vez se deitou no chão, fitando o teto com determinação. O coxo se ajoelhou com extrema dificuldade, seu corpo enorme apoiado todo no joelho manco. Ele revirou um bolso do casaco pesado que vestia e sacou uma navalha de prata de aparência magnífica, muito brilhante e afiada. Colocou-a no chão empoeirado e voltou a revirar os bolsos.
- Onde raios eu os meti? - resmungou. - Aqui!
Tirou do bolso um par de esferas amarelas e gosmentas, com uma olhada melhor, percebia-se que eram dois olhos de animal. Colocou-os no chão e apanhou a navalha novamente. De maneira dramática, abriu a navalha e a pontou para o céu, a luz da luz refletiu na lâmina afiadíssima.
- Você tem certeza? - O caolho perguntou uma segunda vez.
- Tenho certeza! - O jovem respondeu ainda olhando fixamente para o teto parecendo muito determinado.
O outro encarava o rapaz deitado no chão com um olhar que misturava apreensão e pena.
- Faça! - Ordenou o paciente.
O caolho desceu a navalha sobre o olho direito do jovem, cortou fundo a carne e o sangue escorreu livremente enquanto o rapaz gritava de dor, mas ainda perfeitamente parado deitado no chão. Com a parte chata da lâmina o Caolho puxou pra fora o olho que saiu ainda inteiro da órbita, preso apenas por um cordão carnoso no fundo, a lâmina da navalha cortou o cordão e o primeiro olho foi removido. Com desleixo o cirurgião largou o olho no chão empoeirado, ia começar a repetir a operação no lado esquerdo. Sem hesitar, enfiou fundo a navalha na carne do rapaz novamente e em pouco tempo, apesar dos gritos, o segundo olho foi removido.
O coxo se levantou vagarosamente e foi até a lareira, pegou o ferro de revirar brasas, a ponta que tinha caído no fogo estava agora vermelha e incandescente. Ele voltou até o jovem deitado que gemia de dor. Pegou o primeiro dos olhos amarelos de besta e ligou os dois cordões carnosos com a ponta quentíssima da ferramente de metal, o rapaz nesse momento se debateu e urrou. Com calma o Caolho enfiou o olho na órbita e recosturou as pálpebras. Depois ele repetiu o processo doloso de fundir a carne com o ferro quente e novamente costurou as pálpebras, mas dessa vez do olho esquerdo.
Acabara a "cirurgia", ou pelo menos o ritual, e o macabro aleijado se afastou do paciente. O jovem se sentou com os olhos fechados, depois com algum esforço ficou de pé e então pela primeira vez ele abriu os olhos.
Foi surpreendente. A mansão, antes velha e decrépita, era agora um luxuoso palácio, enfeitado de ouros e pratas e pedras preciosas por todos os lados. Os móveis, agora muitos, eram feitos de madeira de lei e estavam limpos e brilhantes. As paredes e o chão, antes vazios e poeirentos, estavam agora enfeitados com tapetes e tapeçarias esplêndidos. Ao olhar pela janela, os vidros estavam claros como cristais, e a paisagem lá fora não era nada inferior a maravilhosa, um prado imenso e verdejante, onde brisas mornas sopravam de todas as direções, as flores mais coloridas que o rapaz jamais vira estavam coroadas de joaninhas e borboletas e abelhas. Um agradável ruído de cigarras vinha de longe, como nas tardes de verão da infância do jovem.
Ele procurou com seus olhos de besta o seu gêmeo de aparência cruel, mas encontrou o rapaz com cabelo e barba aparados, o olho direito estava coberto por um tapa-olho negro de veludo costurado com fios de ouro e a perna amputada dava lugar a uma prótese de platina incrivelmente brilhante.
- Deu certo. - O jovem recém-operado comentou ainda impressionado com tudo que via.
- Sim, deu certo. Você abriu mão dos seus olhos sensíveis de poeta, seus olhos sinceros e honestos de amante, seus olhos leais de amigo. Por um par de olhos de besta, cínicos, mesquinhos e fúteis! Você agora vê o mundo do mesmo jeito que todas as outras pessoas.
- Eu vejo o mundo como um ignorante. - O jovem disse sombrio.
O caolho se abaixou no chão e recolheu os olhos de poeta, guardou-os no bolso.
- Não vou mais precisar deles, pode jogar fora.
- Vou guardar. Algo me diz que você vai querer de volta.
O cirurgião saiu da mansão e meteu o pé numa poça de lama, os sapos coaxaram no pântano da realidade, mas lá dentro, no palácio da ignorância, tudo estava bem.
Gordon "Troll" Banks
Quando se deixa de acreditar nas fadas, elas morrem?
Parte 1: Se você acredita, bata palmas.
Eu sentei no chão no escuro como costumo fazer sempre. Deixei os meus pequenos demônios correrem livres pela minha pele, escalarem minha coluna até meu cérebro e sussurrarem blasfêmias nos meus ouvidos. Antes eram fadinhas azuis, agora são homenzinhos vermelhos, com caudas afiadas. Ele riem e debocham de mim no escuro, peidam e gargalham. São uns sujeitinhos engraçados e malignos.
Me peguei pensando mais uma vez naquela relação íntima entre dor e inspiração. Bukowski disse "Não é a dor que cria a obra. É o artista." Eu respeitosamente duvido do meu mestre. Exato, eu não discordo, não totalmente, acho que deve sim existir o mérito do artista na criação da obra, mas será que a dor não tem mesmo nada a ver com isso?
Aí você vai ficar puto comigo e dizer algo do tipo "Puta merda, achei que tinha acabado a choradeira!" e olha, você entendeu tudo errado, a choradeira acabou, o problema é justamente esse. E agora? E agora que eu não tenho sobre o que escrever? E agora que eu já não escrevo mais nada com a intenção de que um certo alguém leia?
Quero dizer, se eu não sofro por nada, basicamente eu não tenho sobre o que desabafar e sendo assim, não tenho sobre o que escrever.
Os pequenos demônios dançam e cantam em cima das minhas mãos, um pequeno ritual maluco deles. Me pego pensando, será que querem dizer algo? Será isso algum tipo de sinal? Eu devo tentar de alguma forma mudar a minha motivação, tentar escrever por outros meios que não a dor? É um bocado pra se transmitir apenas dançando pelado em cima da mão de um gigante, mas acho que seria um bom palpite.
E qual o oposto da dor? Não penso nisso a tanto tempo que nem bem me lembro mais. Aí um dos danadinhos se pendura no meu alargador na orelha esquerda e grita "Prazer!" em alto e bom português. Escrever sobre o prazer, sobre as coisas que me deixam feliz. Ousado, muito ousado. Esses carinhas não estão de brincadeira.
Ta legal, e o que viria a ser uma dessas coisas que me deixam feliz? Dinheiro, mulheres, amigos, bebês foca? Tudo isso me deixa moderadamente feliz acho. Não é muito, mas é um começo, vou pensar no assunto, deixar as idéias cozinharem um pouco mais na minha cabeça. Rascunhar uns textos sobre dinheiro, mulheres e amigos, talvez até sobre bebês foca. Com certeza rascunhar algo sobre drogas. Meditação. Ei, parece que tudo está vindo com facilidade pra mim agora. Acho que os diabinhos estavam mesmo certos no final das contas.
Em comemoração eles parecem estar dançando mais do que nunca, alguns se jogam dos meus ombros e caem no meu colo, uma baita distância pra quem tem 2cm de altura, as fadinhas pelo menos tinham asinhas de formiga. Gritam e riem e peidam e gargalham e xingam.
Eu não preciso sofrer por ninguém pra ser tudo que eu posso ser. Ainda mais sofrer por alguém que não quer meu sofrimento. Deixo meu sangue, meu suor e minhas lágrimas pra pessoas mais dispostas. Ou pra um momento mais oportuno. No momento o que vai aumentar o fogo na fornalha, são coisas boas.
E aí eu olhos pras minhas mãos e ao meu redor e eles se foram, os homenzinhos vermelhos. Acho que voltaram para seu pequeno castelo de fogo. Foram dormir até que eu precise deles. E quando olho pra cima, tenho a impressão de ver pequenos borrões azuis, acho que minhas fadinhas estão voltando pra mim.
Claro que isso tudo de fadas e diabinhos é bobagem, mas vocês entenderam.
Gordon "Troll" Banks
Eu sentei no chão no escuro como costumo fazer sempre. Deixei os meus pequenos demônios correrem livres pela minha pele, escalarem minha coluna até meu cérebro e sussurrarem blasfêmias nos meus ouvidos. Antes eram fadinhas azuis, agora são homenzinhos vermelhos, com caudas afiadas. Ele riem e debocham de mim no escuro, peidam e gargalham. São uns sujeitinhos engraçados e malignos.
Me peguei pensando mais uma vez naquela relação íntima entre dor e inspiração. Bukowski disse "Não é a dor que cria a obra. É o artista." Eu respeitosamente duvido do meu mestre. Exato, eu não discordo, não totalmente, acho que deve sim existir o mérito do artista na criação da obra, mas será que a dor não tem mesmo nada a ver com isso?
Aí você vai ficar puto comigo e dizer algo do tipo "Puta merda, achei que tinha acabado a choradeira!" e olha, você entendeu tudo errado, a choradeira acabou, o problema é justamente esse. E agora? E agora que eu não tenho sobre o que escrever? E agora que eu já não escrevo mais nada com a intenção de que um certo alguém leia?
Quero dizer, se eu não sofro por nada, basicamente eu não tenho sobre o que desabafar e sendo assim, não tenho sobre o que escrever.
Os pequenos demônios dançam e cantam em cima das minhas mãos, um pequeno ritual maluco deles. Me pego pensando, será que querem dizer algo? Será isso algum tipo de sinal? Eu devo tentar de alguma forma mudar a minha motivação, tentar escrever por outros meios que não a dor? É um bocado pra se transmitir apenas dançando pelado em cima da mão de um gigante, mas acho que seria um bom palpite.
E qual o oposto da dor? Não penso nisso a tanto tempo que nem bem me lembro mais. Aí um dos danadinhos se pendura no meu alargador na orelha esquerda e grita "Prazer!" em alto e bom português. Escrever sobre o prazer, sobre as coisas que me deixam feliz. Ousado, muito ousado. Esses carinhas não estão de brincadeira.
Ta legal, e o que viria a ser uma dessas coisas que me deixam feliz? Dinheiro, mulheres, amigos, bebês foca? Tudo isso me deixa moderadamente feliz acho. Não é muito, mas é um começo, vou pensar no assunto, deixar as idéias cozinharem um pouco mais na minha cabeça. Rascunhar uns textos sobre dinheiro, mulheres e amigos, talvez até sobre bebês foca. Com certeza rascunhar algo sobre drogas. Meditação. Ei, parece que tudo está vindo com facilidade pra mim agora. Acho que os diabinhos estavam mesmo certos no final das contas.
Em comemoração eles parecem estar dançando mais do que nunca, alguns se jogam dos meus ombros e caem no meu colo, uma baita distância pra quem tem 2cm de altura, as fadinhas pelo menos tinham asinhas de formiga. Gritam e riem e peidam e gargalham e xingam.
Eu não preciso sofrer por ninguém pra ser tudo que eu posso ser. Ainda mais sofrer por alguém que não quer meu sofrimento. Deixo meu sangue, meu suor e minhas lágrimas pra pessoas mais dispostas. Ou pra um momento mais oportuno. No momento o que vai aumentar o fogo na fornalha, são coisas boas.
E aí eu olhos pras minhas mãos e ao meu redor e eles se foram, os homenzinhos vermelhos. Acho que voltaram para seu pequeno castelo de fogo. Foram dormir até que eu precise deles. E quando olho pra cima, tenho a impressão de ver pequenos borrões azuis, acho que minhas fadinhas estão voltando pra mim.
Claro que isso tudo de fadas e diabinhos é bobagem, mas vocês entenderam.
Gordon "Troll" Banks
sábado, 25 de julho de 2009
Aquele bar na esquina da Mothway...
Parte 1: Jack, Charlie, e o grande baile
Depois de um ano no Japão, era de se esperar que Jack tivesse virado um cara mais Zen. Ele até tentava, mas não era bem o estilo dele, por mais que ele quizesse honrar a memória do amigo Charlie. Assim que saiu do retiro começou a beber pesadamente, andava nos lugares mais escuros e sujos das cidades pelas quais passava. Botecos baratos, fumando cigarros baratos. Foi num desses lugares que ele conheceu o Troll.
O Troll era um cara com a mesma idade de Jack, era do tipo grandalhão, um sujeiro engraçado, perturbadoramente parecido com Charlie. Jack conseguia sentir a fúria por trás dos olhos alegres do sujeito. Estava indo pro Norte procurar emprego nos navios pesqueiros, mas tinha dado uma estacionada por ali torrando a grana que tinha ganho trabalhando como capanga de algum figurão em El Salvador.
Os dois vinham se encontrando com frequência num boteco sujo e escuro na esquina da 6ª com a Mothway.
Jack chegou por volta das 8 da noite, era um dos primeiros clientes. Bebeu duas cervejas e um scotch, acendeu um cigarro e ficou vendo a Tv, passava um jogo de soccer inglês, o Meyerside Derby. Lá pelas 11 a porta abriu com força e o sino que ficava na entrada deu uma volta completa no eixo, o Troll chegou, visivelmente bêbado. Cambaleou pelo bar e se sentou junto com Jack.
- Hey Jack.
- Hey Troll, pelo jeito já começou sem mim.
Os dois riram e ficaram em silêncio, o Troll pediu cerveja pra dois, mas ficou com as duas canecas, Jack ja tinha se acostumado com isso, pediu uma caneca pra si. Beberam conversando, o jogo ainda na tv, o bar encheu um pouco mais, mas logo esvaziou lá pelas 2 da manhã, os dois ainda bebiam com vontade. Depois veio mais silêncio.
- Um amigo meu se matou. - Jack disse subitamente.
- Esperto.
- Acha graça?
- Não, acho esperto. Se achasse graça teria dito "Engraçado".
- Foi no último ano do colegial, na noite do baile de formatura.
- O universo não gosta de trapaceiros. Me disseram isso uma vez. Suicídio é como usar código pra vencer num jogo, cartas marcadas.
- Ele era bem parecido com você. Eu nunca entendi porque ele se matou. Me senti culpado.
- Eu não vou me matar, ainda não. Se é isso que te preocupa.
- Ir pro mar pescar carangueijos é um jeito bem complexo de tentar se matar, mas não deixa de ser uma tentativa de suicídio.
Troll terminou mais uma caneca de cerveja, pediu a próxima. Jack acendeu mais um cigarro.
- Estamos todos nos matando aos poucos Jack. Cigarros, bebida, carne vermelha, automóveis. Acho o cúmulo todo mundo me julgar só porque eu quero algo mais teatral. A vida termina em morte de qualquer jeito.
- Entendo.
- Vida é superestimada. Comer, beber, foder, tudo superestimado.
Jack não tinha argumentos pra rebater, se pegou pensando nas palavras amargas do Troll. Se pegou pensando em como o Troll era parecido com o falecido Charlie, mas por alguma razão ainda estava ali, lutando, comendo , bebendo, fodendo.
- O que você está esperando então? Porque não se mata logo?
O Troll deu um longo gole na cerveja e fechou os olhos trazendo à lembrança algo que só ele podia ver.
- Eu sou curioso Jack. Acho que é por isso. O que tem me segurado por aqui é o "E se...?".
O barman se aproximou e anunciou que o bar ia fechar, já eram 4:30 da manhã. Jack alcançou a carteira, mas o Troll foi mais rápido e jogou um bolinho de notas amassadas no balcão.
- Dinheiro sujo. Mas serve pra pagar cerveja.
Do lado de fora do bar os dois se despediram como sempre faziam, mas no dia seguinte o Troll não apareceu, nem nunca mais, levaria anos até que Jack o visse de novo, ele tinha ido pro Norte atrás dos seus carangueijos e barcos de pesca, atrás de sua teatral morte branca.
Depois de um ano no Japão, era de se esperar que Jack tivesse virado um cara mais Zen. Ele até tentava, mas não era bem o estilo dele, por mais que ele quizesse honrar a memória do amigo Charlie. Assim que saiu do retiro começou a beber pesadamente, andava nos lugares mais escuros e sujos das cidades pelas quais passava. Botecos baratos, fumando cigarros baratos. Foi num desses lugares que ele conheceu o Troll.
O Troll era um cara com a mesma idade de Jack, era do tipo grandalhão, um sujeiro engraçado, perturbadoramente parecido com Charlie. Jack conseguia sentir a fúria por trás dos olhos alegres do sujeito. Estava indo pro Norte procurar emprego nos navios pesqueiros, mas tinha dado uma estacionada por ali torrando a grana que tinha ganho trabalhando como capanga de algum figurão em El Salvador.
Os dois vinham se encontrando com frequência num boteco sujo e escuro na esquina da 6ª com a Mothway.
Jack chegou por volta das 8 da noite, era um dos primeiros clientes. Bebeu duas cervejas e um scotch, acendeu um cigarro e ficou vendo a Tv, passava um jogo de soccer inglês, o Meyerside Derby. Lá pelas 11 a porta abriu com força e o sino que ficava na entrada deu uma volta completa no eixo, o Troll chegou, visivelmente bêbado. Cambaleou pelo bar e se sentou junto com Jack.
- Hey Jack.
- Hey Troll, pelo jeito já começou sem mim.
Os dois riram e ficaram em silêncio, o Troll pediu cerveja pra dois, mas ficou com as duas canecas, Jack ja tinha se acostumado com isso, pediu uma caneca pra si. Beberam conversando, o jogo ainda na tv, o bar encheu um pouco mais, mas logo esvaziou lá pelas 2 da manhã, os dois ainda bebiam com vontade. Depois veio mais silêncio.
- Um amigo meu se matou. - Jack disse subitamente.
- Esperto.
- Acha graça?
- Não, acho esperto. Se achasse graça teria dito "Engraçado".
- Foi no último ano do colegial, na noite do baile de formatura.
- O universo não gosta de trapaceiros. Me disseram isso uma vez. Suicídio é como usar código pra vencer num jogo, cartas marcadas.
- Ele era bem parecido com você. Eu nunca entendi porque ele se matou. Me senti culpado.
- Eu não vou me matar, ainda não. Se é isso que te preocupa.
- Ir pro mar pescar carangueijos é um jeito bem complexo de tentar se matar, mas não deixa de ser uma tentativa de suicídio.
Troll terminou mais uma caneca de cerveja, pediu a próxima. Jack acendeu mais um cigarro.
- Estamos todos nos matando aos poucos Jack. Cigarros, bebida, carne vermelha, automóveis. Acho o cúmulo todo mundo me julgar só porque eu quero algo mais teatral. A vida termina em morte de qualquer jeito.
- Entendo.
- Vida é superestimada. Comer, beber, foder, tudo superestimado.
Jack não tinha argumentos pra rebater, se pegou pensando nas palavras amargas do Troll. Se pegou pensando em como o Troll era parecido com o falecido Charlie, mas por alguma razão ainda estava ali, lutando, comendo , bebendo, fodendo.
- O que você está esperando então? Porque não se mata logo?
O Troll deu um longo gole na cerveja e fechou os olhos trazendo à lembrança algo que só ele podia ver.
- Eu sou curioso Jack. Acho que é por isso. O que tem me segurado por aqui é o "E se...?".
O barman se aproximou e anunciou que o bar ia fechar, já eram 4:30 da manhã. Jack alcançou a carteira, mas o Troll foi mais rápido e jogou um bolinho de notas amassadas no balcão.
- Dinheiro sujo. Mas serve pra pagar cerveja.
Do lado de fora do bar os dois se despediram como sempre faziam, mas no dia seguinte o Troll não apareceu, nem nunca mais, levaria anos até que Jack o visse de novo, ele tinha ido pro Norte atrás dos seus carangueijos e barcos de pesca, atrás de sua teatral morte branca.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Menos amor, mais Fúria...(Assombrado)
Um bom amigo me disse que ela não vale a pena.
Um bom amigo me disse que é melhor eu desistir.
Um bom amigo me disse que eu estou fazendo papel de bobo.
Mas e aí, o que eu penso disso tudo? Tenho feito um puta drama, é verdade, admito, mas a galera não tem me ajudado tanto quanto eu gostaria, sei lá...eu que faço tanto pelos outros esperava um pouco mais de apoio.
Muita gente me criticou, porque até então eu era uma fortaleza indestrutível e uma única rachadura deu brecha pra todo um colapso emocional das minhas estruturas. Disseram que eu esperei tempo demais, disseram que eu fui afoito demais, carente demais, chato demais, me disseram que eu era GORDO demais (se fuder né meu?), disseram que eu fiz demais, disseram que eu fiz de menos. Todo mundo deu pitaco. Beleza que eu fui atrás de opinião e estava sujeito a ouvir coisas que não queria.
A unanimidade pareceu querer me dizer "Cara, pelo menos vc tentou, parte pra outra."
Eu tenho dificuldade de engolir isso. Segundo e último lugar não se diferenciam pra mim, só vence quem chega em primeiro. Eu falhei. Mais do que um coração partido, orgulho ferido.
O que eu acho engraçado é que as pessoas esperam que eu sofra, mesmo que por anos. Se algum dia no futuro eu chegar a sentir algo por alguém novamente, vão todos logo dizer "Viu? Era só drama!"
Eu fiquei mal e sofri bastante, cabeça vazia é a oficina do diabo, esse ditado nunca me pareceu tão certo. Mas sei lá, acho que chega...quero dizer, deixa rolar, se for pra ser, quem sabe um dia...talvez eu deva mesmo partir pra outra. Não que por um segundo eu acredite que não vale a pena, mas por realmente achar que eu já to fazendo papel de palhaço. To sofrendo demais, preciso curar essas feridas, batalhas demais num espaço de tempo curto demais.
Eu não sei se estou pronto, mas eu preciso me mexer. Mesmo ainda assombrado pela lembrança dela. Menos amor, mais fúria na minha vida, eu tenho que me colocar em forma, ninguém devia ser capaz de fazer isso comigo...eu sinto que estou voltando, bem aos poucos, mas estou voltando, vocês que me aguardem.
Gordon "Troll" Banks
Um bom amigo me disse que é melhor eu desistir.
Um bom amigo me disse que eu estou fazendo papel de bobo.
Mas e aí, o que eu penso disso tudo? Tenho feito um puta drama, é verdade, admito, mas a galera não tem me ajudado tanto quanto eu gostaria, sei lá...eu que faço tanto pelos outros esperava um pouco mais de apoio.
Muita gente me criticou, porque até então eu era uma fortaleza indestrutível e uma única rachadura deu brecha pra todo um colapso emocional das minhas estruturas. Disseram que eu esperei tempo demais, disseram que eu fui afoito demais, carente demais, chato demais, me disseram que eu era GORDO demais (se fuder né meu?), disseram que eu fiz demais, disseram que eu fiz de menos. Todo mundo deu pitaco. Beleza que eu fui atrás de opinião e estava sujeito a ouvir coisas que não queria.
A unanimidade pareceu querer me dizer "Cara, pelo menos vc tentou, parte pra outra."
Eu tenho dificuldade de engolir isso. Segundo e último lugar não se diferenciam pra mim, só vence quem chega em primeiro. Eu falhei. Mais do que um coração partido, orgulho ferido.
O que eu acho engraçado é que as pessoas esperam que eu sofra, mesmo que por anos. Se algum dia no futuro eu chegar a sentir algo por alguém novamente, vão todos logo dizer "Viu? Era só drama!"
Eu fiquei mal e sofri bastante, cabeça vazia é a oficina do diabo, esse ditado nunca me pareceu tão certo. Mas sei lá, acho que chega...quero dizer, deixa rolar, se for pra ser, quem sabe um dia...talvez eu deva mesmo partir pra outra. Não que por um segundo eu acredite que não vale a pena, mas por realmente achar que eu já to fazendo papel de palhaço. To sofrendo demais, preciso curar essas feridas, batalhas demais num espaço de tempo curto demais.
Eu não sei se estou pronto, mas eu preciso me mexer. Mesmo ainda assombrado pela lembrança dela. Menos amor, mais fúria na minha vida, eu tenho que me colocar em forma, ninguém devia ser capaz de fazer isso comigo...eu sinto que estou voltando, bem aos poucos, mas estou voltando, vocês que me aguardem.
Gordon "Troll" Banks
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Aborto Romântico
Aqueles gosto doce, amargou.
O sentimento bom, se abalou.
A ira solitária, inflamou.
E o que era pra nascer, acabou.
O sentimento bom, se abalou.
A ira solitária, inflamou.
E o que era pra nascer, acabou.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Sou eu
Sou eu quem te faz sorrir;
Sou eu quem te consola ao chorar;
Sou eu quem está sempre lá, mesmo quando não posso ajudar;
Sou eu quem te aceita do jeito que você é, com seus pequenos defeitos maravilhosos;
Sou eu quem vai te buscar de madrugada, mesmo sem ter carro;
Sou eu quem te leva flores nos dias de semana, só pra te fazer uma surpresa;
Sou eu quem te diz tudo o que pensa te olhando nos olhos, sem sentir vergonha;
Sou eu quem canta todas as músicas pensando em você;
Sou eu quem acorda todos os dias pensado nos seus olhos cor de avelã, e por último, mas não menos importante;
Sou eu o cara que você não acha bom o bastante pra você.
Gordon "Troll" Banks
Sou eu quem te consola ao chorar;
Sou eu quem está sempre lá, mesmo quando não posso ajudar;
Sou eu quem te aceita do jeito que você é, com seus pequenos defeitos maravilhosos;
Sou eu quem vai te buscar de madrugada, mesmo sem ter carro;
Sou eu quem te leva flores nos dias de semana, só pra te fazer uma surpresa;
Sou eu quem te diz tudo o que pensa te olhando nos olhos, sem sentir vergonha;
Sou eu quem canta todas as músicas pensando em você;
Sou eu quem acorda todos os dias pensado nos seus olhos cor de avelã, e por último, mas não menos importante;
Sou eu o cara que você não acha bom o bastante pra você.
Gordon "Troll" Banks
sexta-feira, 10 de julho de 2009
O Merrow
Cheguei essa manhã em Porto Holandês, Alaska. Meu tio tinha dito que ia estar me esperando lá, mas eu não encontrei ninguém. Fiquei lá por horas até que finalmente decidi procurar um hotel onde ficar, é inverno aqui no Alaska e embora já não faça tanto frio quanto fazia uns 30 anos atrás, ainda é desagradável ficar tomando friagem.
Mais tarde naquela noite bateram na porta do meu quarto, era um cara baixinho com toca de lã, na casa dos 40, rosto marcado. Tive certeza que era um marinheiro. Disse que estava lá a mando do meu tio, pra me levar pro barco assim que eu pudesse. Parecia urgente, achei melhor me vestir e ir com ele.
Meu pai nunca me falou muito do meu tio, os dois eram distantes, não que fossem brigados, só não se falavam muito. Eu nunca nem tinha visto o cara, ele morava no Alaska havia muito tempo e era daqueles tipos que não se deixam fotografar. Até então meu tio era um mistério pra mim, mas não exitou nem por um momento ao me arrumar emprego no barco dele quando meu pai pediu. Palavras do meu pai "Seu tio vai fazer você virar homem". Estou certo de que meu pai tinha a melhor das intenções me mandando pra cá.
Chegando no barco, longo e envelhecido, de um azul pálido, corri os olhos pela traseira onde estava o nome da embarcação, "The Merrow".
O baixinho me levou até a cabine do capitão, onde na porta eu li "Captain Troll", estranhei, mas imaginei que fosse um apelido do meu tio, já tinha ouvido falar que ele era um daqueles caras enormes que começaram a nascer nas décadas de 80 e 90, antes das pragas começarem a fazer os humanos nascerem cada vez mais frágeis.
A porta abriu e o cômodo atrás dela estava escuro, nada convidativo, uma voz rouca me chamou em alto e claro português paulista "Pode entrar Jr. eu estou aqui esperando". Entrei e olhei em todas as direções tentando captar como era aquela sala. Era um cômodo de tamanho médio, uma cama num canto, uma mesa com um computador no outro, no fundo um frigobar e uma poltrona, sentada nela, estava meu tio, que eu ainda não consegui ver por causa da iluminação precária.
"Eu gosto de ficar sentado no escuro. Mania antiga. Pode acender a luz, o interruptor está do seu lado." Eu achei o interruptor e acendi a luz, foi estranho.
Ele era imenso como tinham dito, mesmo sentado. Estava com uma jarra de 1l. na mão, cheia até quase a boca de um líquido que parecia muito ser uísque. Levantou-se com dificuldade e se aproximou mancando. Reparei que a perna direita não passava de um toco de madeira escura. No rosto uma cicatriz enorme passava por cima do olho direito, que era branco e cego. O cabelo muito preto dava os primeiros sinais de grisalhice. Usava costeletas gigantes e mal aparadas, muito negras. Tinha um sorriso torto, meio malicioso, mas ainda assim confortante. Estendeu a mão pra mim. Quando segurei sua mão, o aperto de quase quebrar meus ossos nem foi o mais estranho, mas reparar que na mão direita faltavam os dois últimos dedos.
"Foi o mar. Ele me tirou muita coisa, menos o que eu queria que ele tirasse."
Conversamos então um pouco, em português mesmo. Quando alguém entrava ele tinha a cortesia de falar em inglês, mas assim que saíam ele voltava a falar em português, gostava muito de falar, era articulado, vocabulário extenso, percebi sem muito esforço que era um homem inteligente, a despeito de sua aparência quase fantasiosa de Capitão Pirata.
Ele me contou como tinha chegado ao Alaska 20 anos atrás em busca de emprego nos barcos de carangueijo, a dificuldade que teve em arrumar emprego, mas tudo foi compensado na primeira temporada no mar, ganhou muito dinheiro, resolveu ficar mais algum tempo e a cada temporada ganhava mais e mais, enquanto economizava pra comprar seu próprio barco. Estava no Alaska há 6 anos quando sofreu o acidente, um guindaste despencou em cima dele. Perdeu o olho, dois dedos e a perna, quase morreu na verdade.
Sem mulher e filhos no Brasil e desfigurado pelo acidente, ele desistiu do amor, resolveu ficar no mar pro resto da vida, nunca mais foi ver a família ou sua terra natal. Vez ou outra recebia uma foto do mais novo bebê ou a notícia do morto mais recente, mas pouco se importava, jamais voltava, jamais mandava notícias. Logo pararam de incomoda-lo, mas sabiam que ele estava lá em algum lugar, naquele deserto gelado.
"Do que você fugiu Jr.? Por que veio pra cá?" Eu não soube bem o que responder, sabia no meu íntimo a resposta, além de trabalhar, ganhar dinheiro e agradar meu pai, eu estava fugindo de algo. De alguém. Dela. Achei que seria honesto contar ao meu velho tio tudo sobre Julia. Emocionado eu dei detalhes dos nossos desencontros e de como eu gostava dela, mas o destino nos impedia de estarmos juntos. Assim que terminei, meu tio sorriu. O sorriso virou uma gargalhada rouca e grave. Ele terminou sua jarra de uísque depois disso.
"Eu também fugi de uma garota quando vim pra cá Jr. Por isso eu ri, tudo é tão repetitivo, elas sempre são perfeitas, nós nunca podemos suportar a idéia de viver sem elas e mesmo assim, aqui estamos nós, no meio do nada. Fugir não resolveu pra mim garoto e não vai resolver pra você. Trabalhe aqui comigo esse inverno, mas volte pra casa assim que puder e lute por ela! Não se pode fugir de si mesmo, eu não te culpo por tentar, mas aproveite o conselho de quem já tentou e falhou. Ficar aqui sozinho só vai fazer piorar."
Eu trabalhei no Merrow o inverno todo, voltei totalmente mudado pra casa, meu pai estava certo. Meu tio, o Capitão Troll, fez de mim um homem. Quando eu voltei, Julia tinha secretamente esperado por mim, namoramos e dois anos depois íamos nos casar. Fiz questão de enviar um convite de casamento ao meu tio, mas ele nunca veio como eu imaginei que não viria.
O mais triste foi receber a notícia de que no dia do meu casamento, sozinho dentro do Merrow, com a barba feita e o cabelo cortado, sóbrio como não estivera em anos, meu tio usou uma corda para se enforcar. Os médicos disseram que ele quebrou o pescoço na queda. Ser tão grande deve ter valido a pena pra ele no final.
Dos relatos de A. G. Silva Jr. dezembro de 2034
Mais tarde naquela noite bateram na porta do meu quarto, era um cara baixinho com toca de lã, na casa dos 40, rosto marcado. Tive certeza que era um marinheiro. Disse que estava lá a mando do meu tio, pra me levar pro barco assim que eu pudesse. Parecia urgente, achei melhor me vestir e ir com ele.
Meu pai nunca me falou muito do meu tio, os dois eram distantes, não que fossem brigados, só não se falavam muito. Eu nunca nem tinha visto o cara, ele morava no Alaska havia muito tempo e era daqueles tipos que não se deixam fotografar. Até então meu tio era um mistério pra mim, mas não exitou nem por um momento ao me arrumar emprego no barco dele quando meu pai pediu. Palavras do meu pai "Seu tio vai fazer você virar homem". Estou certo de que meu pai tinha a melhor das intenções me mandando pra cá.
Chegando no barco, longo e envelhecido, de um azul pálido, corri os olhos pela traseira onde estava o nome da embarcação, "The Merrow".
O baixinho me levou até a cabine do capitão, onde na porta eu li "Captain Troll", estranhei, mas imaginei que fosse um apelido do meu tio, já tinha ouvido falar que ele era um daqueles caras enormes que começaram a nascer nas décadas de 80 e 90, antes das pragas começarem a fazer os humanos nascerem cada vez mais frágeis.
A porta abriu e o cômodo atrás dela estava escuro, nada convidativo, uma voz rouca me chamou em alto e claro português paulista "Pode entrar Jr. eu estou aqui esperando". Entrei e olhei em todas as direções tentando captar como era aquela sala. Era um cômodo de tamanho médio, uma cama num canto, uma mesa com um computador no outro, no fundo um frigobar e uma poltrona, sentada nela, estava meu tio, que eu ainda não consegui ver por causa da iluminação precária.
"Eu gosto de ficar sentado no escuro. Mania antiga. Pode acender a luz, o interruptor está do seu lado." Eu achei o interruptor e acendi a luz, foi estranho.
Ele era imenso como tinham dito, mesmo sentado. Estava com uma jarra de 1l. na mão, cheia até quase a boca de um líquido que parecia muito ser uísque. Levantou-se com dificuldade e se aproximou mancando. Reparei que a perna direita não passava de um toco de madeira escura. No rosto uma cicatriz enorme passava por cima do olho direito, que era branco e cego. O cabelo muito preto dava os primeiros sinais de grisalhice. Usava costeletas gigantes e mal aparadas, muito negras. Tinha um sorriso torto, meio malicioso, mas ainda assim confortante. Estendeu a mão pra mim. Quando segurei sua mão, o aperto de quase quebrar meus ossos nem foi o mais estranho, mas reparar que na mão direita faltavam os dois últimos dedos.
"Foi o mar. Ele me tirou muita coisa, menos o que eu queria que ele tirasse."
Conversamos então um pouco, em português mesmo. Quando alguém entrava ele tinha a cortesia de falar em inglês, mas assim que saíam ele voltava a falar em português, gostava muito de falar, era articulado, vocabulário extenso, percebi sem muito esforço que era um homem inteligente, a despeito de sua aparência quase fantasiosa de Capitão Pirata.
Ele me contou como tinha chegado ao Alaska 20 anos atrás em busca de emprego nos barcos de carangueijo, a dificuldade que teve em arrumar emprego, mas tudo foi compensado na primeira temporada no mar, ganhou muito dinheiro, resolveu ficar mais algum tempo e a cada temporada ganhava mais e mais, enquanto economizava pra comprar seu próprio barco. Estava no Alaska há 6 anos quando sofreu o acidente, um guindaste despencou em cima dele. Perdeu o olho, dois dedos e a perna, quase morreu na verdade.
Sem mulher e filhos no Brasil e desfigurado pelo acidente, ele desistiu do amor, resolveu ficar no mar pro resto da vida, nunca mais foi ver a família ou sua terra natal. Vez ou outra recebia uma foto do mais novo bebê ou a notícia do morto mais recente, mas pouco se importava, jamais voltava, jamais mandava notícias. Logo pararam de incomoda-lo, mas sabiam que ele estava lá em algum lugar, naquele deserto gelado.
"Do que você fugiu Jr.? Por que veio pra cá?" Eu não soube bem o que responder, sabia no meu íntimo a resposta, além de trabalhar, ganhar dinheiro e agradar meu pai, eu estava fugindo de algo. De alguém. Dela. Achei que seria honesto contar ao meu velho tio tudo sobre Julia. Emocionado eu dei detalhes dos nossos desencontros e de como eu gostava dela, mas o destino nos impedia de estarmos juntos. Assim que terminei, meu tio sorriu. O sorriso virou uma gargalhada rouca e grave. Ele terminou sua jarra de uísque depois disso.
"Eu também fugi de uma garota quando vim pra cá Jr. Por isso eu ri, tudo é tão repetitivo, elas sempre são perfeitas, nós nunca podemos suportar a idéia de viver sem elas e mesmo assim, aqui estamos nós, no meio do nada. Fugir não resolveu pra mim garoto e não vai resolver pra você. Trabalhe aqui comigo esse inverno, mas volte pra casa assim que puder e lute por ela! Não se pode fugir de si mesmo, eu não te culpo por tentar, mas aproveite o conselho de quem já tentou e falhou. Ficar aqui sozinho só vai fazer piorar."
Eu trabalhei no Merrow o inverno todo, voltei totalmente mudado pra casa, meu pai estava certo. Meu tio, o Capitão Troll, fez de mim um homem. Quando eu voltei, Julia tinha secretamente esperado por mim, namoramos e dois anos depois íamos nos casar. Fiz questão de enviar um convite de casamento ao meu tio, mas ele nunca veio como eu imaginei que não viria.
O mais triste foi receber a notícia de que no dia do meu casamento, sozinho dentro do Merrow, com a barba feita e o cabelo cortado, sóbrio como não estivera em anos, meu tio usou uma corda para se enforcar. Os médicos disseram que ele quebrou o pescoço na queda. Ser tão grande deve ter valido a pena pra ele no final.
Dos relatos de A. G. Silva Jr. dezembro de 2034
quinta-feira, 9 de julho de 2009
A Marca da Proteção
Assim que ficou acertado que nós iríamos nos ver, tive a idéia de levar-lhe uma flor. Já tinham me dito que era uma coisa muito bonita e eu honestamente nunca havia dado uma flor pra ninguém antes. A garota certa merecia o gesto certo. Uma garota especial merecia um gesto especial.
No caminho para ir ve-la, la fui eu, alargador na orelha, ferradura no nariz, camiseta do Karate Kid, entrei na floricultura sem cerimônia e tirei de lá a rosa mais bonita que encontrei.
No momento apropriado da conversa, saquei a rosa e a entreguei. Ela muito emocionada me deu um morno beijo na testa.
Espera aí... NA TESTA?
Admito que fui pra casa me sentindo profundamente humilhado, mas pensador incansável que sou, analista e estrategista do comportamento humano, resolvi entender melhor do que se tratava um beijo na testa.
O material para pesquisa é muito escasso e não existe fonte confiável da qual tirar uma conclusão. Loucamente percorri a internet buscando as origens daquele ato, culturas nas quais ele fosse comum, mas depois de pouco mais de três horas de pesquisa, eu consegui uma pilha quentinha de NADA. Não contente passei a procurar em fóruns e até mesmo questionar alguns amigos.
Combinandos todas as respostas, a resposta final então surgiu no horizonte de minha mente e parecia unânime. Um beijo na testa é um sinal de respeito, uma mostra de profundo carinho e uma prova de ADMIRAÇÃO (palavrinha que tem me perseguido nos últimos meses). Eu até vi lá um maluco que falava que beijar a testa era o mesmo que beijar o terceiro olho místico de alguém, beijando assim a sua alma. Mas enfim, maluquices à parte, parece que eu estava errado me sentindo humilhado frente a uma atitude tão bela, isso senão mais bela, do que a flor que eu entreguei.
Respeito, admiração, profundo carinho, sentimentos bons condensados num único gesto que ela realizou com tanta delicadeza e ternura que agora, que eu tive tempo pra pensar melhor sobre isso, é tudo no que eu consigo pensar.
Quando eu fecho meus olhos, se eu me concentrar, ainda consigo me lembrar da sensação. Aqueles curtos dois segundos em que ela foi até mim e me deu aquela marca de proteção.
Quem diria, talvez ela tenha mesmo beijado a minha alma.
Gordon "Troll" Banks
No caminho para ir ve-la, la fui eu, alargador na orelha, ferradura no nariz, camiseta do Karate Kid, entrei na floricultura sem cerimônia e tirei de lá a rosa mais bonita que encontrei.
No momento apropriado da conversa, saquei a rosa e a entreguei. Ela muito emocionada me deu um morno beijo na testa.
Espera aí... NA TESTA?
Admito que fui pra casa me sentindo profundamente humilhado, mas pensador incansável que sou, analista e estrategista do comportamento humano, resolvi entender melhor do que se tratava um beijo na testa.
O material para pesquisa é muito escasso e não existe fonte confiável da qual tirar uma conclusão. Loucamente percorri a internet buscando as origens daquele ato, culturas nas quais ele fosse comum, mas depois de pouco mais de três horas de pesquisa, eu consegui uma pilha quentinha de NADA. Não contente passei a procurar em fóruns e até mesmo questionar alguns amigos.
Combinandos todas as respostas, a resposta final então surgiu no horizonte de minha mente e parecia unânime. Um beijo na testa é um sinal de respeito, uma mostra de profundo carinho e uma prova de ADMIRAÇÃO (palavrinha que tem me perseguido nos últimos meses). Eu até vi lá um maluco que falava que beijar a testa era o mesmo que beijar o terceiro olho místico de alguém, beijando assim a sua alma. Mas enfim, maluquices à parte, parece que eu estava errado me sentindo humilhado frente a uma atitude tão bela, isso senão mais bela, do que a flor que eu entreguei.
Respeito, admiração, profundo carinho, sentimentos bons condensados num único gesto que ela realizou com tanta delicadeza e ternura que agora, que eu tive tempo pra pensar melhor sobre isso, é tudo no que eu consigo pensar.
Quando eu fecho meus olhos, se eu me concentrar, ainda consigo me lembrar da sensação. Aqueles curtos dois segundos em que ela foi até mim e me deu aquela marca de proteção.
Quem diria, talvez ela tenha mesmo beijado a minha alma.
Gordon "Troll" Banks
Homem, fome do mundo.
Fome, vida da morte.
Mundo, vida do homem.
Fome, morte do homem.
Homem, morte do mundo.
Gordon "Troll" Banks (em algum momento de 2003)
Mundo, vida do homem.
Fome, morte do homem.
Homem, morte do mundo.
Gordon "Troll" Banks (em algum momento de 2003)
terça-feira, 7 de julho de 2009
O urro obstinado do Troll
Um inimigo visível, centenas, milhares, bilhões invisíveis!
Ele não dava a mínima.
Onda após onda os inimigos menores se jogavam contra ele, mas impotentes eram repelidos por mera presença bélica.
Os mais resistentes usavam suas espadas, mas eram repelidos por uma couraça de sinceridade.
Alguns resistiam até um segundo golpe, com suas lanças envenenadas de mentiras e falsidade. Mas não eram páreo, a própria pele do guerreiro era imune a esse tipo de coisa.
Ele ria, na verdade gargalhava, enquanto seu machado e seu martelo viajavam no ar, retalhando as gargantas imundas, esmagando os crânios incultos. Aos milhares eles tombavam.
A carne morna e flácida era jogada em todas as direções, enquanto um hino de guerra vinha das profundezas de suas garganta. E quando uma onda incrivelmente maior de inimigos incrivelmente superiores surgiu no horizonte, tapando o sol, ele olhou com desdém, porque nada ali era páreo pra ele.
A batalha durou toda uma vida, os inimigos não pararam jamais de chegar, mas ele não parou jamais de lutar. A cada idiota esperançoso que caia no chão derrotado, a cada homem malicioso que era decapitado, a cada maníaco estraçalhado por suas leais armas de aço, o troll urrava vigoroso.
"Que venham! Que venham todos! Me encarem se puder! Porque suas lanças nã vão me perfurar, suas espadas não vão me cortar, seus machados não vão me partir! Meu escudo é minha fé no que é certo, meu escudo é o que eu acredito com tanta força que nenhuma arma de mortais ou de deuses pode abalar! Que venham seus covardes, pois meu nome é Obstinação e NINGUÉM pode me derrotar!"
Impotentes contra guerreiro tão formidável, aproveitando-se de sua invisibilidade, fugiram todos, coverdes, com medo de seu destino certo. Morrer nas mãos do troll. E então ele se deu conta da batalha que tinha travado apenas em sua mente, mas que continuaria a travar pra sempre. Ciúme.
Gordon "Troll" Banks
Ele não dava a mínima.
Onda após onda os inimigos menores se jogavam contra ele, mas impotentes eram repelidos por mera presença bélica.
Os mais resistentes usavam suas espadas, mas eram repelidos por uma couraça de sinceridade.
Alguns resistiam até um segundo golpe, com suas lanças envenenadas de mentiras e falsidade. Mas não eram páreo, a própria pele do guerreiro era imune a esse tipo de coisa.
Ele ria, na verdade gargalhava, enquanto seu machado e seu martelo viajavam no ar, retalhando as gargantas imundas, esmagando os crânios incultos. Aos milhares eles tombavam.
A carne morna e flácida era jogada em todas as direções, enquanto um hino de guerra vinha das profundezas de suas garganta. E quando uma onda incrivelmente maior de inimigos incrivelmente superiores surgiu no horizonte, tapando o sol, ele olhou com desdém, porque nada ali era páreo pra ele.
A batalha durou toda uma vida, os inimigos não pararam jamais de chegar, mas ele não parou jamais de lutar. A cada idiota esperançoso que caia no chão derrotado, a cada homem malicioso que era decapitado, a cada maníaco estraçalhado por suas leais armas de aço, o troll urrava vigoroso.
"Que venham! Que venham todos! Me encarem se puder! Porque suas lanças nã vão me perfurar, suas espadas não vão me cortar, seus machados não vão me partir! Meu escudo é minha fé no que é certo, meu escudo é o que eu acredito com tanta força que nenhuma arma de mortais ou de deuses pode abalar! Que venham seus covardes, pois meu nome é Obstinação e NINGUÉM pode me derrotar!"
Impotentes contra guerreiro tão formidável, aproveitando-se de sua invisibilidade, fugiram todos, coverdes, com medo de seu destino certo. Morrer nas mãos do troll. E então ele se deu conta da batalha que tinha travado apenas em sua mente, mas que continuaria a travar pra sempre. Ciúme.
Gordon "Troll" Banks
Nada a perder
Na escola, por mais esquisito que eu fosse, nunca me faltaram amigos.
Graças ao sistema de ensino público, eu nunca precisei de nota pra passar de ano. Fui empurrado até me formar (não que eu me orgulhe disso, mas na época parecia um bom negócio).
Aos 19 anos, na minha primeira entrevista de emprego, sendo irônico e cínico, mesmo assim eu consegui o trabalho.
Tudo vinha sem esforço pra mim, os amigos, o diploma, o emprego.
Ainda assim o mundo me condicionava a acreditar que faltava algo, que não era possível ser feliz sozinho. O mundo me fazia acreditar que me faltava uma companheira.
Por anos eu procurei, aqui e ali, mas nós nunca tinhamos muito em comum. Isso até eu encontrar "aquela garota", que eu insisto que é a única pra mim.
Alguns meses se passaram, esses em complacente dormência, até que algo em mim finalmente despertasse e dissesse algo a ela. Mais alguns meses de conversa até faze-la perceber que era viável.
E então, numa única noite, com pouco mais de 3 horas de conversa, eu perdi tudo. A peça que faltava, o que eu sempre acreditei ser tudo o que eu precisava, a coisa que eu mais queria em toda a minha vida que acontecesse.
A vida ficou estranha depois disso. O tempo todo eu sinto essa insensibilidade, como se eu estivesse anestesiado. Os pensamentos vem até mim, mas nada mais tem graça. As engrenagens continuam trabalhando , o universo continua pulsando, mas mesmo assim é como se eu não tivesse mais razão nenhuma pra continuar, nada com o que me importar. Eu perdi tudo o que eu queria, quem eu mais queria ter perto de mim.
Eu não tenho mais nada a perder.
Gordon "Troll" Banks
Graças ao sistema de ensino público, eu nunca precisei de nota pra passar de ano. Fui empurrado até me formar (não que eu me orgulhe disso, mas na época parecia um bom negócio).
Aos 19 anos, na minha primeira entrevista de emprego, sendo irônico e cínico, mesmo assim eu consegui o trabalho.
Tudo vinha sem esforço pra mim, os amigos, o diploma, o emprego.
Ainda assim o mundo me condicionava a acreditar que faltava algo, que não era possível ser feliz sozinho. O mundo me fazia acreditar que me faltava uma companheira.
Por anos eu procurei, aqui e ali, mas nós nunca tinhamos muito em comum. Isso até eu encontrar "aquela garota", que eu insisto que é a única pra mim.
Alguns meses se passaram, esses em complacente dormência, até que algo em mim finalmente despertasse e dissesse algo a ela. Mais alguns meses de conversa até faze-la perceber que era viável.
E então, numa única noite, com pouco mais de 3 horas de conversa, eu perdi tudo. A peça que faltava, o que eu sempre acreditei ser tudo o que eu precisava, a coisa que eu mais queria em toda a minha vida que acontecesse.
A vida ficou estranha depois disso. O tempo todo eu sinto essa insensibilidade, como se eu estivesse anestesiado. Os pensamentos vem até mim, mas nada mais tem graça. As engrenagens continuam trabalhando , o universo continua pulsando, mas mesmo assim é como se eu não tivesse mais razão nenhuma pra continuar, nada com o que me importar. Eu perdi tudo o que eu queria, quem eu mais queria ter perto de mim.
Eu não tenho mais nada a perder.
Gordon "Troll" Banks
domingo, 5 de julho de 2009
Escrevidão
Venho escrevendo por compulsão ultimamente.
Não que me incomode, afinal se eu quero ter a mínima chance de um dia ser considerado um escritor sério (ou mesmo um escritor que não mereça respeito, hauhauauahuah), eu tenho que escrever pra praticar, então no final das contas, mesmo a inspiração sendo um pouco dolorosa, eu to adorando esparramar minhas palavras por aí.
Às vezes paro e penso, e sei lá, parece que minha alma expandiu essa semana. Como se a vida toda eu tivesse visto o mundo com 10% da minha visão, mas de repente eu ganho essa capacidade de ver tudo com 20%, e não parece muito, mas tem feito uma diferença enorme pra mim.
As cores de repente parecem todas mais intensas, até os cheiros, os sons, o universo à minha volta pulsando cosmicamente no ritmo do meu coração.
Pensando na fonte desses meus novos "superpoderes", as situações incômodas da vida, eu começo a indagar sobre as coincidências. Aqueles casos que não nos matam, e logo pela sabedoria popular, nos fortalecem.
Talvez tudo realmente tenha hora e lugar pra acontecer, não que eu acredite em deus, mas não ia me surpreender se toda a existência não passasse de uma complexa equação matemática em que todos nós fossemos números a ser resolvidos e nossas interações fossem as operações.
Matemáticas à parte (exatas não é minha área definitivamente), eu tenho mais é que tirar proveito do que me aconteceu e usar a iluminação que adiquiri pra escrever mais e mais.
Viva a Escrevidão!
Não que me incomode, afinal se eu quero ter a mínima chance de um dia ser considerado um escritor sério (ou mesmo um escritor que não mereça respeito, hauhauauahuah), eu tenho que escrever pra praticar, então no final das contas, mesmo a inspiração sendo um pouco dolorosa, eu to adorando esparramar minhas palavras por aí.
Às vezes paro e penso, e sei lá, parece que minha alma expandiu essa semana. Como se a vida toda eu tivesse visto o mundo com 10% da minha visão, mas de repente eu ganho essa capacidade de ver tudo com 20%, e não parece muito, mas tem feito uma diferença enorme pra mim.
As cores de repente parecem todas mais intensas, até os cheiros, os sons, o universo à minha volta pulsando cosmicamente no ritmo do meu coração.
Pensando na fonte desses meus novos "superpoderes", as situações incômodas da vida, eu começo a indagar sobre as coincidências. Aqueles casos que não nos matam, e logo pela sabedoria popular, nos fortalecem.
Talvez tudo realmente tenha hora e lugar pra acontecer, não que eu acredite em deus, mas não ia me surpreender se toda a existência não passasse de uma complexa equação matemática em que todos nós fossemos números a ser resolvidos e nossas interações fossem as operações.
Matemáticas à parte (exatas não é minha área definitivamente), eu tenho mais é que tirar proveito do que me aconteceu e usar a iluminação que adiquiri pra escrever mais e mais.
Viva a Escrevidão!
sábado, 4 de julho de 2009
Intensidade da Alma
Malditos aqueles com almas intensas.
Que sentem tudo demais.
Que riem demais.
Que choram demais.
Que se emocionam demais.
Sensibilidade, a nobre virtude que todos admiram, até perceberem que você talvez seja um pouco sensível demais e além da sua vida, consegue também sentir as vidas alheias, os dramas, problemas e até as alegrias.
Sensibilidade, o nobre defeito que todos aceitam com certa reserva, até perceberem que você talvez seja um pouco sensível demais e além dos seus problemas, consegue também sentir os das vidas alheias, suas trapaças, seus receios e até seus medos.
Sensibilidade, o maldito defeito que todos renegam com nojo, até perceberem que você talvez seja um pouco sensível demais e além dos seus temores, consegue também sentir os das vidas alheias, suas neuras, seus remorsos e seus amores.
Malditos sejam aqueles com almas intensas. Porque sabem demais.
Gordon "Troll" Banks
Que sentem tudo demais.
Que riem demais.
Que choram demais.
Que se emocionam demais.
Sensibilidade, a nobre virtude que todos admiram, até perceberem que você talvez seja um pouco sensível demais e além da sua vida, consegue também sentir as vidas alheias, os dramas, problemas e até as alegrias.
Sensibilidade, o nobre defeito que todos aceitam com certa reserva, até perceberem que você talvez seja um pouco sensível demais e além dos seus problemas, consegue também sentir os das vidas alheias, suas trapaças, seus receios e até seus medos.
Sensibilidade, o maldito defeito que todos renegam com nojo, até perceberem que você talvez seja um pouco sensível demais e além dos seus temores, consegue também sentir os das vidas alheias, suas neuras, seus remorsos e seus amores.
Malditos sejam aqueles com almas intensas. Porque sabem demais.
Gordon "Troll" Banks
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Aquele beijo que nunca aconteceu...
Na fatídica noite de terça-feira eu contei "x" oportunidades de beija-la, mas não a beijei nenhuma única vez. Fiquei remoendo isso no caminho de volta pra casa, sentindo raiva de mim mesmo. Não era isso tudo o que você queria?
Mas aí me dei conta, como quase sempre acontece, sentado no chão gelado no escuro, de que um beijo não era TUDO o que eu queria.
De nada ia valer pra mim beija-la uma única vez se eu soubesse que nunca mais iria acontecer novamente. De fato a tortura seria imensamente maior, a de nos conectarmos uma única vez e não ter aquela chance outra vez.
No entanto, ainda me incomoda o mistério. Seria o dela um beijo doce como o das fadas? Um beijo ardente como o das deusas? Ou um beijo suave de uma garota insegura que pela primeira vez é beijada por alguém que se importa tanto com ela?
Sentado no escuro com meus demônios, percorrendo minha pele gelados e insensíveis, repassando pela milésima vez todos os meus erros, a pergunta continua surgindo. Como teria sido aquele beijo?
Mas a verdade é que eu não quero descobrir se não puder experimenta-lo sempre que eu quiser, sempre que ela quiser, sempre que NÓS quisermos.
Mais uma noite sem dormir, mas pelo menos a produção literária continua a todo vapor. Dancem sobre e sob minha pele demônios! Dancem e me soprem as palavras profanas que devo cuspir no mundo!
Gordon "Troll" Banks
Mas aí me dei conta, como quase sempre acontece, sentado no chão gelado no escuro, de que um beijo não era TUDO o que eu queria.
De nada ia valer pra mim beija-la uma única vez se eu soubesse que nunca mais iria acontecer novamente. De fato a tortura seria imensamente maior, a de nos conectarmos uma única vez e não ter aquela chance outra vez.
No entanto, ainda me incomoda o mistério. Seria o dela um beijo doce como o das fadas? Um beijo ardente como o das deusas? Ou um beijo suave de uma garota insegura que pela primeira vez é beijada por alguém que se importa tanto com ela?
Sentado no escuro com meus demônios, percorrendo minha pele gelados e insensíveis, repassando pela milésima vez todos os meus erros, a pergunta continua surgindo. Como teria sido aquele beijo?
Mas a verdade é que eu não quero descobrir se não puder experimenta-lo sempre que eu quiser, sempre que ela quiser, sempre que NÓS quisermos.
Mais uma noite sem dormir, mas pelo menos a produção literária continua a todo vapor. Dancem sobre e sob minha pele demônios! Dancem e me soprem as palavras profanas que devo cuspir no mundo!
Gordon "Troll" Banks
quinta-feira, 2 de julho de 2009
The quest for the King Crab
Passei meu dia todo pesquisando sobre a pesca do King Crab no Alaska. King Crab é um carangueijo gigante que só da em águas geladas, é muito raro e caro.
Um pescador consegue em média ganhar 50 mil dólares por 6 meses de trabalho, mas existem casos de temporadas tão fartas que um único pescador conseguiu ganhar 100 mil dólares em 5 DIAS de trabalho! Agora vem cá...e porque raios não está todo mundo trabalhando nessa coisa de pescar carangueijo no Alaska se isso da tanta grana assim?
Acho que essa é a "pegadinha" do negócio.
A pesca do King Crab é o trabalho mais perigoso dos Estados Unidos, a taxa de mortalidade é 90 vezes maior do que a segunda prefissão mais perigosa, que se não me falha a memória é piloto de caça. Os caras morrem às dezenas toda temporada de pesca, afogados ou então de hipotermia. E como se isso não fosse o bastante, a temporada de pesca tem algumas leis que obrigam os pescadores a irem pro mar e lançar suas armadilhas o mais rápido possível, o que resulta numa probabilidade de quase 100% de que você talvez sofra um acidente no qual vc vai perder um braço ou perna. Legal né?
Agora vem a parte mais legal. Eu to pensando de ir pra lá, hauhauhauahahahua.
Absurdo! Seu louco! Já ouvi de tudo em relação a isso, acredite, todo mundo que eu conheço me desaconselhou. Mas sei lá, se (e esse é um grande SE) eu sobreviver a essa merda toda, além de voltar pra casa com os bolsos cheios de grana, eu vou ter engrandecido meu espírito, endurecido meu corpo nos ventos de 50 nós do círculo polar ártico, temperado minha mente na imensidão gelada do mar do Norte. Sei lá, eu acho que seria uma empreitada válida.
Além do que, se eu morrer por lá, o mundo não vai estar perdendo grande coisa, você vai ter que concordar. E eu não tenho nada que me prenda ao mundo no momento, nada que me dê uma boa razao pra voltar pra casa. Enfim, não é que eu esteja indo pra lá pra morrer. Não tem nada a ver com isso. Só acho que nas atuais condições da minha vida, é um risco que vale a pena correr.
Então sei lá, é meio que uma idéia, não chega a ser exatamente um objetivo ainda...AINDA. A temporada de pesca começa em Outubro e termina em Fevereiro, veremos o que rola até lá. Preciso tirar meu passaporte, conseguir visto, vai uma pequena jornada até concluir tudo. E se eu voltar vivo, vivas pra mim, porque serei rico e jovem o bastante pra aproveitar a grana, hauhauahuahuahua.
Eu amo minhas idéias idiotas.
Gordon "Troll" Banks
Um pescador consegue em média ganhar 50 mil dólares por 6 meses de trabalho, mas existem casos de temporadas tão fartas que um único pescador conseguiu ganhar 100 mil dólares em 5 DIAS de trabalho! Agora vem cá...e porque raios não está todo mundo trabalhando nessa coisa de pescar carangueijo no Alaska se isso da tanta grana assim?
Acho que essa é a "pegadinha" do negócio.
A pesca do King Crab é o trabalho mais perigoso dos Estados Unidos, a taxa de mortalidade é 90 vezes maior do que a segunda prefissão mais perigosa, que se não me falha a memória é piloto de caça. Os caras morrem às dezenas toda temporada de pesca, afogados ou então de hipotermia. E como se isso não fosse o bastante, a temporada de pesca tem algumas leis que obrigam os pescadores a irem pro mar e lançar suas armadilhas o mais rápido possível, o que resulta numa probabilidade de quase 100% de que você talvez sofra um acidente no qual vc vai perder um braço ou perna. Legal né?
Agora vem a parte mais legal. Eu to pensando de ir pra lá, hauhauhauahahahua.
Absurdo! Seu louco! Já ouvi de tudo em relação a isso, acredite, todo mundo que eu conheço me desaconselhou. Mas sei lá, se (e esse é um grande SE) eu sobreviver a essa merda toda, além de voltar pra casa com os bolsos cheios de grana, eu vou ter engrandecido meu espírito, endurecido meu corpo nos ventos de 50 nós do círculo polar ártico, temperado minha mente na imensidão gelada do mar do Norte. Sei lá, eu acho que seria uma empreitada válida.
Além do que, se eu morrer por lá, o mundo não vai estar perdendo grande coisa, você vai ter que concordar. E eu não tenho nada que me prenda ao mundo no momento, nada que me dê uma boa razao pra voltar pra casa. Enfim, não é que eu esteja indo pra lá pra morrer. Não tem nada a ver com isso. Só acho que nas atuais condições da minha vida, é um risco que vale a pena correr.
Então sei lá, é meio que uma idéia, não chega a ser exatamente um objetivo ainda...AINDA. A temporada de pesca começa em Outubro e termina em Fevereiro, veremos o que rola até lá. Preciso tirar meu passaporte, conseguir visto, vai uma pequena jornada até concluir tudo. E se eu voltar vivo, vivas pra mim, porque serei rico e jovem o bastante pra aproveitar a grana, hauhauahuahuahua.
Eu amo minhas idéias idiotas.
Gordon "Troll" Banks
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Desencontro (Talvez o primeiro de muitos...)
Os direitos da imagem e do wallpaper vão para www.jasonchanart.com
Esse é um wallpaper que tenho há alguns meses e como quase tudo, eu tive muita facilidade em interpretar a cena toda e transporta-la pra minha vida. O traço é apaixonante e a arte em si muito bonita.
Aí você chega pra mim e fala algo do tipo: Você teve facilidade de transportar pra sua vida um gigante de pedra numa cachoeira secreta com uma garota? Que absurdo!
São meus superpoderes meu caro, eu consigo ver tudo. Agora vamos lá, interpretação da imagem.
Pra começar, vamos examinar o que mais chama a atenção na imagem, o Gigante. Não tem muito segredo, ele é um cara grandão, desajeitado, tímido. Provavelmente ele é o rei do pedaço aí nessa cachoeira esquecida pelos deuses, os sapos, peixes e insetos da região são seus únicos amigos, talvez uma lontra. Ele sabe das coisas, não física quântica e literatura, mas as coisas da vida. Ele é antigo e sábio, e nas noites claras de lua cheia, quando o céu fica abarrotado de estrelas, o Gigante se senta e fica olhando os astros brilhantes, imaginando o que é que está lá em cima, fora do seu alcance. Tem alguma coisa errada, ele pode sentir, mas não consegue compreender, mas a verdade é que o coração dele é de pedra.
Aí uma bela manhã, sem que estivesse esperando por qualquer coisa, o Gigante é atingido por algo, uma sensação que percorre seu corpo rochoso como se fosse eletricidade. Uma voz vindo da queda d'água. Os dois então se encontram pela primeira vez, o Gigante do coração de pedra e a garota.
Acho que pra ela era tudo curiosidade e excitação, aquela figura sombria e bizarra, tão diferente de tudo no mundo, de todas as pessoas. Pro Gigante a história já foi outra. Aquela pequena criatura, tão diferente de tudo que ele ja tinha visto nos seus séculos de existência, tão pequena, tão pura, com aqueles olhos e aquele sorriso maravilhosos.
Eles se aproximaram um do outro, sem medo por nenhuma das partes. Eles se conheceram, pelo menos superficialmente. Ela sabia que ele gostava de ver as estrelas só de encarar aquela cara pedregosa de perto, ela sentia certa profundidade nele. Já ele sabia que ela gostava de rir e contar história bobas, a garota tinha uma complexidade que ele jamais enfrentaria com um de seus amigos sapos por exemplo.
Aí ele teve a idéia de faze-la ficar, mas ela tinha dúvidas. Foi quando tudo ficou um pouco frio e triste. E no último gesto desesperado de tentar convence-la de que ali era um bom lugar, o Gigante entrega à garota um flor, um sinal de tudo que naquele jardim havia pra ser descoberto ainda, nos dias que viriam.
Ela aceitou a flor, achou um gesto lindo vindo daquela coisa que imitava a vida humana, mas ela não entendeu que o presente na verdade não era a flor e sim o jardim. Ela partiu logo depois do almoço e o Gigante não entendeu que ela voltava pra sua família, seus amigos, um mundo do qual ele não fazia e talvez jamais fizesse parte.
Naquela noite, ja em casa, a garota se lembrou do Gigante e sorriu cheirando a flor que ele lhe deu. Enquanto que na selva gelada, o Gigante estava sentado no chão, olhando pras estrelas, imaginando se em algum lugar no universo eles teriam a chance de se encontrar em condições mais favoráveis. E se em algum lugar no universo, a garota teria escolhido ficar.
Esse é um wallpaper que tenho há alguns meses e como quase tudo, eu tive muita facilidade em interpretar a cena toda e transporta-la pra minha vida. O traço é apaixonante e a arte em si muito bonita.
Aí você chega pra mim e fala algo do tipo: Você teve facilidade de transportar pra sua vida um gigante de pedra numa cachoeira secreta com uma garota? Que absurdo!
São meus superpoderes meu caro, eu consigo ver tudo. Agora vamos lá, interpretação da imagem.
Pra começar, vamos examinar o que mais chama a atenção na imagem, o Gigante. Não tem muito segredo, ele é um cara grandão, desajeitado, tímido. Provavelmente ele é o rei do pedaço aí nessa cachoeira esquecida pelos deuses, os sapos, peixes e insetos da região são seus únicos amigos, talvez uma lontra. Ele sabe das coisas, não física quântica e literatura, mas as coisas da vida. Ele é antigo e sábio, e nas noites claras de lua cheia, quando o céu fica abarrotado de estrelas, o Gigante se senta e fica olhando os astros brilhantes, imaginando o que é que está lá em cima, fora do seu alcance. Tem alguma coisa errada, ele pode sentir, mas não consegue compreender, mas a verdade é que o coração dele é de pedra.
Aí uma bela manhã, sem que estivesse esperando por qualquer coisa, o Gigante é atingido por algo, uma sensação que percorre seu corpo rochoso como se fosse eletricidade. Uma voz vindo da queda d'água. Os dois então se encontram pela primeira vez, o Gigante do coração de pedra e a garota.
Acho que pra ela era tudo curiosidade e excitação, aquela figura sombria e bizarra, tão diferente de tudo no mundo, de todas as pessoas. Pro Gigante a história já foi outra. Aquela pequena criatura, tão diferente de tudo que ele ja tinha visto nos seus séculos de existência, tão pequena, tão pura, com aqueles olhos e aquele sorriso maravilhosos.
Eles se aproximaram um do outro, sem medo por nenhuma das partes. Eles se conheceram, pelo menos superficialmente. Ela sabia que ele gostava de ver as estrelas só de encarar aquela cara pedregosa de perto, ela sentia certa profundidade nele. Já ele sabia que ela gostava de rir e contar história bobas, a garota tinha uma complexidade que ele jamais enfrentaria com um de seus amigos sapos por exemplo.
Aí ele teve a idéia de faze-la ficar, mas ela tinha dúvidas. Foi quando tudo ficou um pouco frio e triste. E no último gesto desesperado de tentar convence-la de que ali era um bom lugar, o Gigante entrega à garota um flor, um sinal de tudo que naquele jardim havia pra ser descoberto ainda, nos dias que viriam.
Ela aceitou a flor, achou um gesto lindo vindo daquela coisa que imitava a vida humana, mas ela não entendeu que o presente na verdade não era a flor e sim o jardim. Ela partiu logo depois do almoço e o Gigante não entendeu que ela voltava pra sua família, seus amigos, um mundo do qual ele não fazia e talvez jamais fizesse parte.
Naquela noite, ja em casa, a garota se lembrou do Gigante e sorriu cheirando a flor que ele lhe deu. Enquanto que na selva gelada, o Gigante estava sentado no chão, olhando pras estrelas, imaginando se em algum lugar no universo eles teriam a chance de se encontrar em condições mais favoráveis. E se em algum lugar no universo, a garota teria escolhido ficar.
Nem peixe eu como...
Eu só atualizo essa porra quando to mal, acabou de me ocorrer. Aí comecei a pensar no quanto o sofrimento influencia na inspiração.
Van Gogh, Niezstche, Kant, Newton, cambada de lerdo que não pegava ninguém!
Se eu me coloco na categoria acima citada? Mais ou menos.
Eu ando numa fase boa pra mulher na verdade, sério mesmo, eu conto assim de cabeça umas 6 ou 7 das quais com um mero estalar de dedos estariam aqui todas açanhadas pra cima de mim (Ui, gostosão!). Qual é o grilo então? Eu não quero 6 ou 7 mulheres, eu quero UMA mulher e obviamente o motivo do drama todo é que ela não me quer.
What the fuck, por que? Por que é sempre assim? Cara eu fico tão frustrado com isso...
Ciclana gosta de mim, que gosto de Fulana que gosta de um outro cara aí...e nada, nem o universo, nem as vidas passadas, nem a chuva, nem a rosa fizeram ela perceber...espera. Acho isso injusto. Ela percebeu, ela só não pôde corresponder...
Teria sido tudo tão perfeito se, sei lá, se a gente só esquecesse do mundo e fizesse o que a gente queria fazer, mas aí existem todas essas amarras, todas essas condições e a vida fica dependendo de um monte de decisões tomadas por estranhos. Não é justo. Puta que pariu, não é justo!
Agora eu me pego aqui, escrevendo alucinadamente. Será que é isso? Será que eu vou ter que me foder a vida toda pra conseguir atingir o nível de um Van Gogh? É sofrimento o combustível da arte? Porra, eu iria viver feliz pra sempre escrevendo cardápios de restaurante chinês se ela estivesse comigo. Sério mesmo, eu estou totalmente disposto a abrir mão do meu dom por ela...
Aí ela meio que me disse que "existem muitos peixes no mar", eu não abriria mão do meu dom por um "peixe", claro que não é literal, vocês entenderam...eu disse que não quero mais ninguém. Ela riu, me chamou de exagerado, mas sei lá, até certo ponto talvez fosse mesmo exagero, mas na real, eu acho que não quero mais ninguém. Acho que encontrei com o destino hoje, tal qual Dom Quixote com sua Dulcinéia, eu vou ser um escritor louco, solitário e sombrio, sem ninguém na minha vida, pq pra mim não interessa ninguém que não seja ela.
Então acho que a partir de hoje eu abraço, com todo o sofrimento inerente à minha arte, o meu dom da escrita. Por que se for pra ficar sem ela, que pelo menos eu fique rico e famoso...
Maldito gordo dramático...
Gordon "Troll" Banks
Van Gogh, Niezstche, Kant, Newton, cambada de lerdo que não pegava ninguém!
Se eu me coloco na categoria acima citada? Mais ou menos.
Eu ando numa fase boa pra mulher na verdade, sério mesmo, eu conto assim de cabeça umas 6 ou 7 das quais com um mero estalar de dedos estariam aqui todas açanhadas pra cima de mim (Ui, gostosão!). Qual é o grilo então? Eu não quero 6 ou 7 mulheres, eu quero UMA mulher e obviamente o motivo do drama todo é que ela não me quer.
What the fuck, por que? Por que é sempre assim? Cara eu fico tão frustrado com isso...
Ciclana gosta de mim, que gosto de Fulana que gosta de um outro cara aí...e nada, nem o universo, nem as vidas passadas, nem a chuva, nem a rosa fizeram ela perceber...espera. Acho isso injusto. Ela percebeu, ela só não pôde corresponder...
Teria sido tudo tão perfeito se, sei lá, se a gente só esquecesse do mundo e fizesse o que a gente queria fazer, mas aí existem todas essas amarras, todas essas condições e a vida fica dependendo de um monte de decisões tomadas por estranhos. Não é justo. Puta que pariu, não é justo!
Agora eu me pego aqui, escrevendo alucinadamente. Será que é isso? Será que eu vou ter que me foder a vida toda pra conseguir atingir o nível de um Van Gogh? É sofrimento o combustível da arte? Porra, eu iria viver feliz pra sempre escrevendo cardápios de restaurante chinês se ela estivesse comigo. Sério mesmo, eu estou totalmente disposto a abrir mão do meu dom por ela...
Aí ela meio que me disse que "existem muitos peixes no mar", eu não abriria mão do meu dom por um "peixe", claro que não é literal, vocês entenderam...eu disse que não quero mais ninguém. Ela riu, me chamou de exagerado, mas sei lá, até certo ponto talvez fosse mesmo exagero, mas na real, eu acho que não quero mais ninguém. Acho que encontrei com o destino hoje, tal qual Dom Quixote com sua Dulcinéia, eu vou ser um escritor louco, solitário e sombrio, sem ninguém na minha vida, pq pra mim não interessa ninguém que não seja ela.
Então acho que a partir de hoje eu abraço, com todo o sofrimento inerente à minha arte, o meu dom da escrita. Por que se for pra ficar sem ela, que pelo menos eu fique rico e famoso...
Maldito gordo dramático...
Gordon "Troll" Banks
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