terça-feira, 11 de agosto de 2009

As Crônicas do Vórtex, parte final: 10 pessoas no templo de ouro.

[Bom, finalmente termina essa parte das Crônicas do Vórtex, agradeço a todos que leram e só pra lembrar, a verdadeira batalha do Templo de Ouro aconteceu há 3 anos atrás que foi quando eu escrevi esse texto e postei em 8 partes no meu antigo fotolog. Quem quiser conhecer o texto original e ver um pequeno extra que conta o destino do Cavaleiro Solitário, por favor clique aqui. Foi bem legal reler e reescrever algumas partes da coisa toda e por uma grande coincidência eu passei pela mesma situação de 3 anos atrás justamente enquanto postava novamente esse texto, timing perfeito. Após o final dessa saga eu começo a escrever uma outra apresentando alguns personagens que não aparecem na saga original. Novamente agradeço a quem teve saco de ler, se gostaram, façam propaganda ;)]

Parte I: O Prisioneiro.
Parte II: Medo.
Parte III: Batalha em nome do Amor.
Parte IV: Dedos quebrados e lábios partidos.
Parte V: First Blood.
Parte VI: Colisão.
Parte VII: Todos contra o Amor.


07/12/05


O Cavaleiro Solitário e Gordon se encontraram no meio do templo, os punhos erguidos, um soco de cada lado. Banks foi arremessado contra a parede, bateu com um baque surdo e caiu no chão, aparentemente inconsciente.

- Eu sinceramente achei que você ia aguentar mais do que um soco. - O Cavaleiro disse com ar decepcionado, se virou de costas e foi andando para o túnel de onde viera, a batalha estava vencida.

- Eu aguento bem mais que um soco. – O jovem abriu os olhos, tentava se sentar no chão, o Cavaleiro se virou para ele com ar surpreso.

- Bom, parece que eu tenho mais alguns minutos pra me divertir então. - Caminhou na direção do jovem que antes caído, agora estava sentado no chão.

O que se seguiu foi uma sessão de espancamento, Gordon era arremessado contra todas as paredes, contra o teto, contra o chão, levava socos e chutes, cabeçadas. O Cavaleiro jogou o adversário contra o corpo gigante de Ananasi, o jovem caiu e ficou ali, de rosto pro chão.

- Bom, acho que isso dá um fim nas suas convicções. - O Cavaleiro zombou.

- Na verdade... - Gordon se levantou com extrema dificuldade - Ainda não. Se você ainda não percebeu, eu NUNCA vou cair.

- Você se superestima Gordon, você sabe do que eu sou capaz.

- Eu não tenho ambição de derrota-lo Cavaleiro, mas é só que... esse é meu “poder”... eu nunca vou ser derrotado enquanto acreditar que posso vencer.

- O quê? - O Cavaleiro tinha um olhar incrédulo.

- É isso... enquanto eu acreditar, eu vou continuar me levantando.

- Bobagem! - O Cavaleiro começou uma nova sessão de espancamento.

No primeiro soco os óculos de Gordon voaram longe, estilhaçados, no segundo soco, o nariz já quebrado e deformado foi atingido, o piecing saiu voando e caiu no chão coberto de sangue. Banks continuava sendo jogado e socado de todos os modos possíveis.

- Levante-se agora! - O Cavaleiro ordenou.

Gordon não conseguiu, as pernas estavam quebradas, um dos braços também, o rosto estava desfigurado, coberto de sangue. Mas ele continuava consciente.

- Você é um derrotado, eu tinha razão. - O Cavaleiro riu.

Gordon se prendeu pensativo às palavras do cavaleiro..."Razão"..."Razão"..."Razão"...Como ele não havia pensado naquilo antes?

- Razão. - Cuspiu a palavra da boca ensanguentada.

- O quê? - O Cavaleiro se aproximou pra ouvir melhor.

- Razão.

- Fale alto moleque!

- RAZÃO!!! - Banks urrou e caiu inconsciente finalmente.

O Cavaleiro não entendeu a princípio, mas logo seu rosto foi tomado de terror. Ouviu um som às suas costas.


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Era como um clangor de trombetas e tambores. Uma música magnífica e apocalíptica, alguns, dependendo do que estavam dispostos a ouvir, podiam escutar rugidos de animais, coros de vozes, explosões, sons da natureza, tudo misturado àquele canção celestial.

Uma luz intensa rasgou o céu e o teto do templo. No meio da luz um vulto permanecia parado observando os limites do templo semidestruído.

Era alto, o corpo atlético, de suas costas emergiam três pares de asas espetaculares, brancas e brilhantes.

Tentar olhar para seu rosto era como olhar para o sol, só que imensamente mais incômodo, os cabelos refulgiam como serpentes douradas à volta da cabeça, raios de sol vivos e cintilantes.

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- Mas que confusão. - A voz do "anjo" era suprema, parecia vir de toda parte, retumbava nos ouvidos do Cavaleiro como pancadas dolorosas.

- Razão, há quanto tempo. - O Cavaleiro fez uma leve reverência, estava visivelmente incomodado com aquela presença.

- Ouço algo, vejo alguém, essa insignificância só pode ser uma coisa. Amor, é você, que sempre causa tantos problemas? - Razão disse rispidamente.

- Você me julga mal Razão. – O Cavaleiro deu um sorrisinho amarelo.

- Eu te julgo racionalmente, e não deve haver nenhum julgamento mais justo que o meu! - O anjo elevou levemente a voz, e o templo pareceu tremer desde as fundações até o telhado.

Razão olhou em volta, vários mortos, o Cavaleiro era o único que se mantinha de pé. - Preciso perguntar o que aconteceu?.

- Você sabe de tudo Razão, será que “isto” escapou a sua atenção? - O Cavaleiro perguntou incisivo.

- De fato...- Razão apontou para Golem, as peças metálicas de reuniram - ... eu sei o que aconteceu aqui... - Mais um gesto e o corpo de Ananasi se regenerou - ... mas eu prefiro - Apontando para Beggar e fazendo-o recuperar a vida - ... que você me conte.

O Cavaleiro observava atônito aos mortos que voltavam, Razão fez mais alguns gestos parecidos com os primeiros e devolveu, Moon Tyrant, Slayer e Everton à vida.

"..." - Cavaleiro ficou em silêncio.

- Você tentou usurpar o Templo para si, e para isso destruiu todos os outros que, você sabia, eram sua prisão. - Razão concluiu.

O Cavaleiro não disse nada, nenhum dos outros se pronunciou.

- Eu vou bani-lo Amor, é o que você merece. - Razão sentenciou.

- Ninguém merece isso Lorde! - Beggar disse suplicante.

- Eu sou a razão Sabedoria, não a benevolência... castigo a quem merecer, doa em quem doer, mesmo que às vezes o castigo vá acabar se revertendo em mim mesmo.

O silêncio permaneceu, Beggar não deu sinais de que faria novos protestos.

Razão esticou a mão para frente na altura do peito, uma espada magnífica se materializou e o anjo fechou sua mão sobre a empunhadura.

- Minha espada! - O Cavaleiro disse num sobressalto.

- Agora, ela me acompanha Amor, você não tem mais nenhum direito sobre ela.

Todos observavam em silêncio enquanto Razão esticava o braço com a espada para um lado, espalmou a mão e a espada não caiu, ela permaneceu flutuando há alguns centímetros da mão do anjo, de súbito ela começou a girar descrevendo um grande círculo paralelo a Razão.

Enquanto girava o espada produzia uma música sublime, como um coro de mil sereias.

- Omega Slash. - Ananasi sussurrou.

- Omega Slash! - Razão pronunciou em voz alta, a espada parou de girar imediatamente, estava na posição correta para ser empunhada por Razão, que o fez e golpeou com a espada o peito do Cavaleiro que foi atingido sem mostrar nenhuma reação, a não ser um leve contrair de olhos.

Razão torceu a espada que devia ter penetrado cerca de seis ou sete centímetros da carne do Cavaleiro e a puxou para fora, deixando um ferimento fundo e aberto que começou a sangrar imediatamente.

- Seu nome de agora em diante será Solidão, e você vai vagar pelas terras ermas, além do Vortex. - O anjo disse sério e sem emoção.

O Cavaleiro nada disse, só se colocou a caminhar para fora do templo.

- Inocência, guardião do amor, Sabedoria, companheiro da inocência, vocês devem vigiar o Cavaleiro. - Razão disse autoritário.

Golem e Beggar se entreolharam sem nada dizer, se colocaram lado a lado e começaram a seguir o Cavaleiro que acabara de deixar o templo. O rastro de sangue ainda visível no chão dourado.

- Medo, Instinto, velhos companheiros, vocês voltarão para o subterrâneo, nas entranhas mais profundas do Templo de Ouro. - Razão delegou.

Ananasi e Slayer caminharam pelo túnel no qual o Cavaleiro havia surgido a primeira vez e desapareceram na escuridão.

- Ambição, alcance o céu, e além. - Razão se voltou para Moon Tyrant.

Moon Tyrant sorriu, levitou acima do chão e foi até a entrada do templo, voou rápido para fora do templo e no céu, mirava a Lua.

- Egoísmo, volte para a superfície, para o mundo dos homens, onde você se sente tão bem.

Everton saiu caminhando serenamente sobre sua perna de pau. Próximo a entrada do templo, se abaixou e no chão pegou algo. Os dois olhos de Ananasi que haviam sido arrancados pelo Golem na batalha. Guardou-os no bolso e partiu.

Uma leve brisa invadiu o Templo de Ouro, ao lado de Razão, Tornado se materializou com um brilho azulado. - Batalha dura. – Disse solene.

- De fato. Se o garoto não tivesse se lembrado de mim, vocês estariam todos mortos. – O anjo disse sinistro.

- Você não ia interferir? – Tornado parecia descrente.

- A razão está sempre lá, mas ela só pode ser útil se alguém a acionar, entende?

- Sim. – O elfo olhou ao redor com a cabeça baixa refletindo por alguns instantes, viu Gordon caído no chão. - E o garoto?

- Precisa descansar. Eu sei que ele é forte e aguenta muita coisa, mas não tenho idéia da extensão dos traumas dessa batalha. Fique aqui com ele e o leve pra superfície assim que ele despertar, Everton não é de confiança.

Tornado se sentou num canto qualquer do templo, assoviando uma canção feérica. Razão desapareceu no ar, deixando apenas a lembrança da música sublime que se manifestava enquanto ele estava presente.


Gordon "Troll" Banks (Ou terá sido alguém mais?)

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