Preto.
Pessoas pra todos os lados, debilmente mexendo seus corpos sem ritmo tentando acompanhar a batida ancestral dos tambores.
Branco.
Aqui e ali no meio da multidão, alguém se empolga e dança muito mais energicamente do que seria realmente necessário.
Preto.
Casais se beijam lascivamente no escuro, sem se importar nas coisas banais que são seus nomes ou suas identidades.
Branco.
No começo da noite, um espetáculo de cheiros doce e cítricos, misturados ao cheiro nulo da fumaça colorida que cai do teto. Ao final da noite, um festival de cheiros acres e azedos.
Preto.
Bebida por toda parte, caras e baratas, e aos que ousam se arriscar, drogas de todos os tipos, pra ajudar no transe do ritual.
Branco.
A assembléia de almas condenadas se contorce no salão cheio, porém vazio. Demônios coloridos das luzes que jorram dos canhões estratégicamente posicionados.
Preto.
Ao final de tudo, saem dali mais leves, alguns mais leves que antes. Voltam pra suas casas com a certeza de que valeu a pena sair do mundo por algumas horas. Eu? Me sinto drenado de responsabilidade por qualquer coisa no mundo, sublime e desesperador ao mesmo tempo. Quem sou? Aí vou me lembrando aos poucos e se abate o arrependimento, não por participar do ritual, mas por entende-lo...
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Um comentário:
Feliz festa de aniversário.
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