domingo, 24 de janeiro de 2010

Sobre Baleias, Papagaios e Lagostas.

O homem é cheio de medos. Alguns bobos, outros sérios. Alguns leves, outros profundos. Mas acho que o maior de todos os medos do homem é a Solidão.

so.li.dão
sf (lat solitudine) 1 Condição, estado de quem está desacompanhado ou. 2 Lugar ermo, retiro. 3 Apartamento, isolamento. 4 Caráter dos lugares ermos, solitários.

O homem é um animal social e nós precisamos de contato social por isso. Claro que existem as excessões, psicopatas, sociopatas e gente que simplesmente não precisa de TANTO contato social assim, os famosos anti-sociais. Mas no geral, todo mundo precisa de um mínimo de companhia pra se sentir bem. Falando assim parece simples.

O problema é, não basta apenas se cercar de pessoas aleatórias e sem importância, você precisa de companhias siginificantes, pessoas que te façam sentir bem.

Continua um pouco simples, concordo, afinal todo mundo tem um número mínimo de amigos. E mesmo quem não tem amigo nenhum, tem que conviver com o pessoal do trabalho, aquela vizinha velha que te pede pra matar barata e o dono do buteco onde você enche a cara por ser solitário.

Então ta, qual o raio do problema com a solidão?

Acho que o pior tipo de solidão, o que atinge um maior número de pessoas pelo menos, é a solidão sentimental, amorosa. Bons macacos que somos, somos sociais, mas acima disso, somos animais e queremos perpetuar nossa espécie. Podia ser simples assim, eu ia gostar, mas não é simples, existe todo uma complexa rede de sentimentos e vontades inerentes aos humanos envolvidos.

As baleias escolhem um único parceiro e com ele passam toda a vida, os papagaios também. Caso o parceiro morra, o animal permanece solitário e fiel ao seu falecido conjuge até a própria morte. Bonito isso né? E se os humanos fossem assim? Eu sei bem que eu já estraguei tantas chances de ter alguém especial na minha vida, que eu estaria fadado a viver umas dez vidas sozinho se fosse uma baleia.

A solidão tem essa coisa de te fazer pensar que vai morrer. E quando você não acha que vai morrer, a solidão faz você desejar que estivesse morto. Bruxa maldita essa solidão, jogando com nossas vidas desse jeito, como se não tivesse importância nenhuma.

Você acorda e pensa na vida, que tem que se vestir, que tem que escovar os dentes, que tem que pegar o ônibus, que vai fazer isso pelo resto da vida sozinho, aí rola aquela sensação de facada nas costelas, uma faca gelada e dura e triste. Seu estômago dói, seu coração reclama, você fecha os olhos e respira fundo e finge que se controlou, finge que passou tudo, mas não passou, nunca passa.

Então, voltando, acho que o problema da solidão é esse. Você tem várias chances, mas na verdade só tem uma chance, porque se você estraga uma chance, aquela pessoa não vai passar o resto da vida com você e até achar a pessoa que vai ser sua lagosta (as lagostas também só tem um parceiro a vida toda), você vai sempre estar nesse constante estado de "estarnamerdismo". Afinal de contas, não é qualquer velha com medo de barata, qualquer dono de buteco que vai ser seu parceiro pro resto da vida, tem que ser uma pessoa especial, porque mesmo tendo vários amigos, só temos um parceiro, então temos que escolher bem. Complexo, complexo demais.

Agora, a escolha é todo um problema à parte da solidão, fulano gosta de fulana que gosta de ciclano que gosta de beltrana e por aí vai, já dizia o poeta. Talvez eu trate disso num próximo post, material pra usar eu tenho.

Concluindo, a solidão é uma merda. Ela te fode, te faz sentir um merda, te faz vulnerável, te faz confuso, insensível, sensível demais e muitas outras coisas, os efeitos podem variar e geralmente variam mesmo. Solução pra solidão: Pede pra nascer baleia, papagaio ou lagosta na próxima vez.

Gordon "Whale" Banks

Um comentário:

Unknown disse...

Mesmo com a melhor das companhias,
há uma solidão profunda, ontológica,
que nos acompanha e que só pode ser resolvida pela Presença do grande Outro, do Único! Não estou replicando falácia religiosa. Estou me referindo à experiência real e cotidiana de se ter comunhão com nosso Criador...
André Pimenta

 
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