Certa vez, um filho da puta qualquer resolveu que deveríamos
acordar às seis da madrugada, pra passar oito horas do nosso dia com pessoas
que mal toleramos, em troca de DINHEIRO. A quantidade de dinheiro não seria
proporcional a quanto você sabe ou tem a oferecer, mas a quanto você pode fazer
pelo seu explorador (também conhecido como patrão). Recusar ou reclamar demais
dessa grandiosa oportunidade vai te fazer ser visto como um vagabundo, um
comunista, ou pior, um sonhador. Todas as pessoas odeiam essa obrigatoriedade,
mas são idiotas demais pra fazer qualquer coisa a respeito. Amam demais os seus
smartphones, apartamentos e automóveis. Mesmo à beira da loucura e considerando
o suicídio, um indivíduo deve continuar trabalhando, sendo produtivo e ser
grato pela oportunidade de ganhar DINHEIRO. Sem dinheiro não se vive. DIZEM. Acredito
que, algumas pessoas gostam de ir ao trabalho somente para observar aqueles que
odeiam o trabalhando, definhando.
Trabalhar geralmente envolve uma seqüência predeterminada de
atividades entediantes, tais como, sentar na frente de um computador produzindo
relatórios, carregar objetos pesados, dirigir pela cidade e atender as
necessidades de pessoas que você não quer atender. As oito horas (que podem se
tornar 10, 12 ou mesmo 14 numa cidade grande) que você dedica ao seu trabalho,
são problema seu. O trabalho te faz acreditar que receber DINHEIRO em troca das
suas preciosas horas, compensa. NÃO COMPENSA. Mas te faz acreditar que
compensa. Smartphones, tevês de tela grande, vídeo-games, automóveis. SUBORNOS.
Lembre-se sempre que, até que se prove o contrário, o tempo é linear e não
podemos recuperar nossas horas perdidas no escritório, na fábrica, na agência.
Nossas vidas escoam pelos ralos das empresas. Mas o trabalho te faz acreditar
que vale a pena. NÃO VALE. Mas te faz acreditar que vale.
Enquanto isso, nós vivemos essas tentativas patéticas de DAR O TROCO no trabalho. Enrolamos no bebedouro e no almoço, cochilamos no banheiro, chegamos atrasados e saímos 10 minutos mais cedo. Nenhum levante social. Ninguém vai às armas. Continuamos trabalhando, como bom GADO.
Em algum lugar do inferno, o cara que inventou o trabalho, gargalha.
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