Parte 1: Planeta dos Macacos, mas não por muito tempo
Parte 2: De volta ao planeta que era dos Macacos
Parte 3: Esqueça os Macacos, as Baratas comandam!
Iori não conseguia tirar aquilo da cabeça, uma entrada USB. Era óbvio que aquele robô era tecnologia humana e ele queria passar mais tempo investigando, mas Click insistiu para que eles continuassem, o Diretor da Universidade de Rochia aguardava.
- O Diretor é bom. Não se preocupa.
Mas Iori estava preocupado, afinal ele tinha pensado pouco no assunto até agora, mas ele era o último de sua espécie, um humano que de acordo com Click era considerado um mito por muitos. O que fariam com ele? A lembrança do último panda vermelho lhe veio à cabeça, solitário no Zoo de Tóquio.
Eles haviam deixado o salão de exposição e seguiam agora por um corredor até portas duplas. As portas abriram automáticamente, Iori entendeu que era um elevador. Subiu junto com Click e Clark. Quando um dos botões no painel foi pressionado o elevador subiu com potência e Iori sentiu seus joelhos dobrarem tamanha era a força que tinha aquele elevador que carregava os Rochia o dia todo.
Chegando no andar desejado, que o garoto calculava que seria algo entre o 20º e o 30º, desceram os três e caminharam até uma porta enorme. A porta era feita de resina, mas não era translúcida como a maioria das outras.
- Chegamos. - Click disse.
Abriram a porta e entraram num grande escritório. Iori sentiu-se aconchegado por um momento, como se estivesse de volta à sua civilização. Tudo na sala remetia aos humanos. As lamparinas nas paredes eram de um estilo clássico que o garoto datou como sendo do século XIX ou algo assim, os móveis eram uma misturas entre peças clássicas de madeira e cadeiras mais modernas de alumínio. Nas paredes haviam quadros e mais quadros e embora Iori não soubesse o nome de nenhum deles, reconheceu várias das gravuras, era a arte de seu povo, não os japoneses, os humano. O toque final era um imenso tapete de urso no chão, como os que Iori via nos desenhos antigos que passavam na Tv.
- O Diretor gosta muito coisas humanas. - Click esclareceu.
- Acho que isso é o mais perto de casa que eu posso chegar. - Iori concluiu entristecido.
Uma imensa poltrona de couro atrás da mesa principal estava virada de costas para os convidados e girou gentilmente até revelar quem estava sentado nela. O diretor era uma baratinha pequenina, um pouco mais baixo que Iori, suas pernas e braços era finos e frágeis. O jovem notou que era a primeira vez que via um Rochia sem as pesadas roupas de couro que Click e Clark usavam o tempo todo. O corpo dos Rochia lembrava em muito uma barata, a barriga era segmentada e as costas uma carapaça brilhante, as pernas e braços tinham rebarbas afiadas próximo das extremidades e no caso do Diretor, nada de asas.
- Finalmente chegaram, que alegria, que alegria! - O Diretor disse num japonês claríssimo que surpreendeu Iori. - Venha meu amigo, sente-se, não tenha medo!
O jeito excitado do Diretor o fazia parecer um velhinho por alguma razão e Iori sem perceber sorriu quando foi convidado a sentar pela baratinha animada. Escolheu uma cadeira maciça de madeira.
- Agora menino, você vai me contar tudo, como você veio parar aqui?
- Eu não tenho certeza Sr. Diretor. Eu vivia num país chamado Japão, numa cidade chamada Akita, com meus pais. Eu era só um estudante normal. Mas comecei a ficar doente, vivia indo ao hospital e nenhum médico parecia saber o que eu tinha.
- Doente? - Click interrompeu. - O que é isso?
- Os humanos às vezes eram atacados por pequenas criaturas chamadas vírus, quando isso acontecia o seu corpo era danificado. Estou certo menino Iori? - O Diretor perguntou.
- Sim. Continuando, ninguém descobria o que eu tinha e os médicos já estavam perdendo as esperanças, eu só piorava a cada dia. Foi então que começou. Terremotos, inundações, vulcões, tufões. Parecia que o planeta estava entrando em colapso. Pesquisadores do mundo todo estavam enlouquecidos, aparentemente as calotas polares estavam derretendo num ritmo absurdo. Você sabe do que estou falando? No seu mapa não tem mais gelo nos polos.
- O fato de que os pólos foram desertos de gelo já foi comprovado pela nossa ciência. Prossiga.
- Bom, depois disso meus pais ficaram doentes também, o que eu tinha passou pra eles. Os médicos disseram que o vírus tinha sofrido mutação no meu corpo e tinha ficado mais forte, mais agressivo. Eu tinha poucos dias de vida, mas então meus pais tiveram a idéia de me congelar. Meu pai tinha um conhecido em Tóquio que trabalhava com isso. Eles me congelaram e eu não sei quanto tempo fiquei lá, mas acordei aqui, no seu mundo.
O Diretor manteve seus olhinhos negros de inseto em Iori por alguns segundos.
- Vá descansar menino Iori. Você está seguro sob meus cuidados.
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5 comentários:
Muito bom o seu conto. Me lembrei um pouco do Livro "A Fantástica Fábrica de Chocolate" na parte do elevador.
Os detalhes das salas são impecáveis! Ótimo texto!
Gostei da história, as descricoes sao perfeitas, me surpreendi quando atras da imensa poltrona estava uma barata... huahauhauhau. Flws!
Eu não sei se é o meu nojo de baratas, mas esse figurão não me passa confiança. Ta, talvez eu só seja desconfiada demais. -.-
Obrigada pelos parabéns. ^^
Eu, por incrível que pareça, já vi um filme melhor do que o livro. Foi uma da tia Agatha Christie, mas não lembro qual o título. Acho que foi A Mansão Hollow, mas não tenho certeza. Eu gostei mais do final do filme, do que o do livro.
Mas tirando esse caso hiper-isolado, a maioria dos livros dão surras em seus filmes.
Deixa uma indicaçãozinha pra você lá no meu blog.
Bejoo :*
não confiei muito no chefão.
Mas estou adorando o lori.
Me lembra um personagem de mangá, sempre educado e calmo.
Cara, sempre muito bom seus contos... Leio sempre, mais de uma vez se possível... Faço questão de passar por aqui...
Nem sempre comento, por causa da correria... Mas ler, sempre leio...
Abraço companheiro!
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