segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Conceived Sorrow (Adeus!)

Logo pela manhã, no portão da capela eu vi um Beitivi. Me lembrei que quando amanhecia, eu olhava lá fora pela janela do nono andar e via muitos beitivis pousados aqui e ali, cantando alto pra alvorada.

Lá dentro, todos ainda perambulavam ocupados, eu ainda era invisível.

Vi antigos amigos e amigos atuais e disse que estava indo embora. E ninguém chorou. Eles sorriram.

E eu percebi em cada um de seus sorrisos que eles estavam felizes por mim e sentiam-se orgulhosos, afinal de contas eu estava fazendo o que a maioria deles tinha vontade de fazer.

Cada passo que eu dava, pra cada direção que eu olhava, um sinal dizia "Vá em frente", "Vai dar tudo certo", "Você é capaz".

Sentei num corredor pelo qual eu nunca passava, ouvindo uma música triste nos fones e bebendo água mineral. Achei apropriada a despedida.

Passei ali três anos da minha vida, muitos momentos ali eu odiei profundamente, mas não posso mentir. Aquele era meu emprego, aqueles eram meus colegas. E eu amei aquele hospital.

Mas chega a hora de seguir em frente, pra coisas maiores e melhores.

Quando saí de lá, enquanto caminhava naquela calçada longa, com as árvores me protegendo do sol, uma borboleta me acompanhou até a entrada do metrô. E pra mim, não poderia ser um sinal melhor de que daqui pra frente, as coisas vão ser melhores.

Gordon Banks

Um comentário:

Gilmar Gomes disse...

E lá se vai mais um profissional para um lugar melhor. (Lugar melhor? Soou meio fúnebre... rs)
Nem vou ficar elogiando, pois como sempre o post ficou muito bom.
E como aqui no Guerras Secretas sempre tem uma surpressa (muitas vezes desagradável) no fim do post, eu tava realmente achando que ele iria perecer.

 
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