Logo pela manhã, no portão da capela eu vi um Beitivi. Me lembrei que quando amanhecia, eu olhava lá fora pela janela do nono andar e via muitos beitivis pousados aqui e ali, cantando alto pra alvorada.
Lá dentro, todos ainda perambulavam ocupados, eu ainda era invisível.
Vi antigos amigos e amigos atuais e disse que estava indo embora. E ninguém chorou. Eles sorriram.
E eu percebi em cada um de seus sorrisos que eles estavam felizes por mim e sentiam-se orgulhosos, afinal de contas eu estava fazendo o que a maioria deles tinha vontade de fazer.
Cada passo que eu dava, pra cada direção que eu olhava, um sinal dizia "Vá em frente", "Vai dar tudo certo", "Você é capaz".
Sentei num corredor pelo qual eu nunca passava, ouvindo uma música triste nos fones e bebendo água mineral. Achei apropriada a despedida.
Passei ali três anos da minha vida, muitos momentos ali eu odiei profundamente, mas não posso mentir. Aquele era meu emprego, aqueles eram meus colegas. E eu amei aquele hospital.
Mas chega a hora de seguir em frente, pra coisas maiores e melhores.
Quando saí de lá, enquanto caminhava naquela calçada longa, com as árvores me protegendo do sol, uma borboleta me acompanhou até a entrada do metrô. E pra mim, não poderia ser um sinal melhor de que daqui pra frente, as coisas vão ser melhores.
Gordon Banks
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Um comentário:
E lá se vai mais um profissional para um lugar melhor. (Lugar melhor? Soou meio fúnebre... rs)
Nem vou ficar elogiando, pois como sempre o post ficou muito bom.
E como aqui no Guerras Secretas sempre tem uma surpressa (muitas vezes desagradável) no fim do post, eu tava realmente achando que ele iria perecer.
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