quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Magda Banks

Acabei de realizar um funeral. É verdade, não é mais uma crônica ou conto. Eu tive durante 4 anos um esquilo da mongólia. ELA morreu há 40 minutos. Eu a enterrei numa pracinha de frente com a minha casa. Ela já estava velhinha, e ontem antes de sair pra trabalhar eu reparei que ela estava fria, temi pelo pior, mas torci pra que fosse só um resfriado ou algo assim. Hoje eu cheguei e ela estava quietinha, não tinha nada da animação de sempre, peguei-a e percebi que ela estava muito fria, gelada quase. Comecei a tremer, sabia que a hora estava chegando, e ela aparentemente também.

Minha mão se aproximou e eu contei o problema, ela ficou perturbada, mas tentando me animar perguntou: "Você vai querer outro? A gente pode comprar um outro bichinho pra você." "Eu quero a Magda." eu respondi. Era verdade, eu só queria a Magda. Coloquei-a no sofá na esperança de que uma caminhada lhe fizesse bem. Ela pareceu mais e mais desorientada, as patinhas já não obedeciam e ela começou a tentar se jogar do sofá no chão.

Me desesperei e comecei a chorar, minha mãe tentava me acalmar, mas sem remédio. Ela finalmente caiu no chão se debatento, fiquei com medo de toca-la, percebi que ela estava morrendo ali naquela hora. Minhas mãos a protegiam de algum mal invisível, eu tentava criar coragem pra pega-la, mas não consegui. Ela parou, mas suas pernas ainda se moviam em agonia.
"MORRE!MORRE!" eu urrei desesperado, querendo que a dor dela acabasse, minha mãe ficou muito assustada e meu pai veio correndo ver o que tinha acontecido, ela já estava morta na altura em que ele chegou.

Minha mãe surgiu não sei de onde com um suco de maracujá, que eu bebi sem sentir o gosto só pra dar a impressão de que estava tudo bem. Fiquei olhando pra ela no chão, olhos abertos, sem vida. Deitei do lado dela e fiquei observando aquele corpinho peludo no chão.
Minha mãe estava em pé do meu lado, e parecia preocupada comigo, também chorava.

Resolvi me levantar e começar a preparar um caixãozinho improvisado. Ela tinha um tubo de papelão, tampei um dos lados com papel toalha e linha, coloquei um pouco da serragem do aquário e então coloquei aquela coisinha minúscula que ela era lá dentro, ainda chorando muito. Ela dorava semente de girassol e amendoim. Coloquei alguns com ela, e coloquei milho e trigo caso ela enjoasse dos outros, peguei a serragem do ninho dela, onde ela dormia e tampei o tubo, coloquei outra folha de papel toalha e amarrei com linha (tudo com ajuda da minha mãe, eu estava tremendo muito).

Fui até a pracinha e cavei com uma pá de pedreiro na terra úmida, matei minhocas e tatuís no processo, irritado com o fato de que logo eles estariam se alimentando da minha preciosa filhota. Eu NUNCA mato, NADA, só pra ficar claro o nível da minha perturbação. Antes de colocar o tubo na terra, escrevi com uma caneta azul:

Magda Banks
*2004 - 16/01/2008 †

"Mordia todo mundo,
menos eu."

Enterrei o tubo e enquanto isso a porra da música do "ciclo sem fim" do Rei Leão não saia da minha cabeça. Fiz uma prece por sua alma roedora e voltei pra casa. Quando entrei e vi o aquário vazio, comecei a chorar de novo. Então vim até aqui escrever, desabafar um pouco.

Magda meu amor, eu não esqueci da promessa. Um dia, quando tudo for possível, eu volto pra te buscar. Eu juro. Eu faço um juramento solene! Eu volto pra te buscar.

E agora me resta sorrir chorando enquanto lembro de todas as vezes que você me fez rir. E me resta me desesperar à lembrança de que você se foi pra sempre.

6 comentários:

Thata disse...

Poxa, eu sinto muito.
Quando minha cachorra morreu, eu me desesperei também... minha mãe não sabia o que fazer ou falar pra eu parar de chorar. Foi uma semana inteira de lágrimas. Nem os meus amigos conseguiram me animar.
Eu nem vou dizer nada pra você, porque sempre parece que é pior quando as pessoas tentam te consolar.
Eu só posso dizer que eu sinto muitíssimo mesmo.



Bejoo.

Unknown disse...

:'(...Sinto muito tb!
Os bichos de estimação são assim, deixam de ser simplemente "animais" e se tornam os nosso melhores amigos com o passar do tempo! E quando a gnt percebe que a hora deles irem embora chegou, a gnt se sente assim, como se soubesse que um pedaço da gnt ia ser tirado fora!
Mas como vc disse, ficou na memória os momentos bons que passou junto dela!

Abraços!

Marjorie disse...

Não há palavras que possam lhe confortar nessa hora...

Meu gato se foi, e eu senti que peri um pedaço de mim, junto à ele.

Sinto muito, mas belíssimo texto.

Del

Metal disse...
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Adoniran Leblon disse...

Cara........ sinto muito... ler isso me fez lembrar de uma vira-lata que tive desde que me dou por gente até o final da minha adolecência.. é feio confessar que chorei mais quando ela morreu do que quando meu vô se foi? animais de estimação... vc nunca vai ter um diálogo de uma palavra sequer com eles, e parece que são mais próximos do que tanta gente...... eles deveriam viver mais...

Laurah disse...

pow cara!!

sem palavras...

eu me lembrei agora de qndo meu cachorro morreu, meu único...
O primeiro e o último.

Hje eu tenha até uma certa rejeição com cachorros e animais...

Meu pai me deu um coelho, mas sinto que o coelho não vai com minha cara!!


Melhoras aí


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