sábado, 8 de dezembro de 2007

As putas da minha vida

Era uma noite quente, mas os ventiladores no teto faziam bem o seu trabalho. A música tocava bem alta, alguma porcaria black que estava na moda. A luz negra escondia parcialmente as feições de todos no ambiente, um salãozinho pequeno de no máximo 10x10 metros. No fundo um balcão longo onde 2 barmans atendiam à multidão furiosa de comandas de cartolina amarela agitadas no ar, a minha era apenas mais uma delas. Um barman finalmente me viu no canto do balcão, o mais afastado possível de todos, mais ainda assim me acotovelando com dois sujeitos bem vestidos que tinham pinta de empresários. Pedi a quarta das 5 cervejas que aquele pedaço de cartolina me garantia, e logo a latinha veio parar na minhão mão.
Bebi relaxado, um dos engravatados ao meu lado deu um gole num uísque e deixou no balcão, o outro havia pedido um drink que parecia ser alguma coisa com limão dentro, mas nem tocou no copo, sem mais nem menos os dois saíram andando atrás de uma loira que passou por nós. O barman atarefado tentava com dificuldade abrir espaço no balcão cheio de copos e latas vazias, veio na minha direção:
- O uísque é seu? - Confirmei com a cabeça. - E a caipiroska? - Fiz que sim novamente terminando minha cerveja e ele se afastou levando minha latinha vazia.
Acendi um cigarro e terminei o uísque com um só gole sem me importar se podia estar pegando herpes ou coisa pior daquele copo, uma dose de uísque não saia por menos de 20 pratas por ali, e eu estava disposto a ficar um pouco bêbado. Em seguida beberiquei a caipiroska no canudinho, estava fraca, mas cavalo dado não se olha os dentes.


No palco redondo minúsculo que ficava no centro do salãozinho, umas das garotas dançava sensual naquele poste metálico, entrelaçava as pernas e virava de ponta cabeça, era impressionante, era lindo. Me critiquem à vontade, mas para mim aquilo era uma visão divina, e mesmo ateu convicto, eu sempre conseguia ver deus nas coisas mais banais. Não o deus vingativo e temperamental da igreja, um deus maior e mais primitivo, um deus que não passava de uma sensação boa no estômago ao ver todas aquelas garotas semi-nuas circulando por ali. A dançarina da vez era Daisy, ou Michele, ou qualquer outra coisa, ela detonava naquele poste metálico, e quando tirava a calcinha, vinha aquela lufada de fumaça perfumada sabe-se lá de onde e encobria tudo, nos dando apenas uma pequena amostra do que poderíamos obter naquele paraíso carnal. Daisy, ou Michele, ou qualquer coisa, correu pra fora do palco e entrou numa portinha num canto, fim do show por enquanto.

Terminei outro cigarro e a caipiroska, acendi mais um malvadinho e pedi minha quinta cerveja, estava de costas pra tudo, apoiado com os cotovelos no balcão, pensando em algo que eu nem mesmo tinha certeza do que seria. Um par de mãos delicadas me tocou nos ombros, isso era comum num puteiro, ignorei e continuei bebendo. As mãozinhas eram insistentes e começaram a viajar para lugares mais dignos de atenção, suspirei meio impaciente e me virei pra ver quem era.
Não que eu me orgulhe, mas conhecia quase todas as putas daquele lugar pelo nome, nomes de guerra e nomes reais, frequentava o lugar há alguns anos e estava sempre me atualizando na vida profissional e pessoal das meninas, era amigo de algumas delas. Mas desde a primeira vez em que eu havia passado por aquela porta, uma garota em especial tinha me chamado a atenção, e embora eu pudesse simplesmente convida-la pra subir e pagar os 80 mangos pela foda, nunca tinha acontecido nada entre nós.

Ela era loira, claro são sempre loiras, e tinha os olhos muito grandes e castanhos, lindos. Um rostinho perfeito de nariz fino e boca charmosa. O corpo era algo obcenamente maravilhoso para os meus padrões, a mulher ideal, muita carne em cima, nem tanto atrás e pernas lindas, grossas e lindas.
- Criou coragem e veio falar comigo finalmente? - Eu sempre tive esse senso de humor horrível e deslocado, mesmo assim ela riu.
- Não, uma amiga quer falar com você. - Ela me olhou do jeito mais sacana que conseguiu e saiu rebolando dentro do seu espartilho vermelho. Fiquei puto da vida. Fui até onde ela havia indicado de longe, era uma das meninas, digo, uma das "minhas" meninas.


- Fala Bab's. - O nome de guerra era Bárbara, eu chamava de Bab's, ela tinha um filhinho que adorava batman.
- Hey Jaque. - Meu nome é Jack, por causa de algum personagem de filme que meu pai gostava, mas o pessoal me chamava de Jaque, só pra sacanear. - Falei com a gerente, e cobrei um favor dela. Te consegui um lance.
- Diga lá e eu vejo se me interesso.
- É o seguinte, todo mundo aqui sabe de você e da Loira. - Numa brincadeira sádica, todos os funcionários e as meninas haviam decidido não me dizer o nome da loira, apenas chamavam-na de "Loira". - A gerente te propõe o seguinte, você pode escolher, meia hora de graça com a Loira, ou duas horas de graça com as 3 meninas que você quiser, desde que não escolha a Loira entre as três.
Eu ri sinceramente.
- Bab's, Daisy e Rachel, vamos praquele quarto com a cama grande.


Bárbara era uma ruiva linda, Daisy era uma branquelinha magra e muito "habilidosa", Rachel era uma gordinha peituda e maluca, as 3 eram de longe as melhores transas da casa. Ainda acho que escolhi bem. Quando venceram as duas horas, estávamos os 4 na cama, devastados, as garotas encostaram as cabeças no meu peito e descançavamos um pouco. Pude ouvir Bab's dizer baixinho:
- Um, dois, três e... - As três gritaram em coro. - Feliz Aniversário Jack!
Eu tinha acabado de passar as 2 melhores horas da minha vida, suspirei e disse.
- Que se foda a loira, eu amo vocês garotas.

By Gordon Banks (08/12/2007)


Um pequeno PS: Os nomes usados no texto não estão aí com a intenção de ofender ninguém, usei nomes aleatórios para ilustrar as personagens.
 
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