Vou falar das duas coisas com que eu mais tenho contato na vida. Ódio e Solidão. Se você não é fã de ouvir gente reclamando da vida, eu já recomendaria parar de ler por aqui, obrigado pela visita de qualquer jeito, tenho uns textos muito bons aqui no blog de temática menos adolescente se rolar interesse.
Ah você ficou? Ótimo, então agora aguenta.
Vou começar com Solidão, por ser mais íntimo e passivo dela. Eu sempre imaginei que a Solidão fosse uma mulher, provavelmente porque é uma palavra do gênero feminino, mas eu prefiro pensar que é porque eu sou homem mesmo. Essa Senhorita muda de aparência com os anos, acho que varia de caso pra caso, mas eu tive uma fase em que ela era loira de olhos escuros, depois ela ficou morena de olhos claros, e então ruiva de farmácia, depois ruiva real, é complexo, como se ela não tivesse rosto, justamente pra poder te atrair de qualquer jeito.
E aí com o tempo você começa a pegar o jeito, foge dela aqui e ali no final de semana, na cervejada da faculdade, no anivesário daquele seu amigo. Mas ela te acha, a puta sempre te acha.
Srta Solidão não mede esforços pra te ver na merda, ela te faz pensar em tudo que você está perdendo, em tudo que você já poderia ter realizado. A vagaba vive sussurrando na minha orelha: 23 anos, solteiro, desempregado. E aí, sei lá, eu meio que dou razão pra ela, começo a entrar na dela.
Até chega um ou outro pra inflar meu ego; "você é inteligente" (obrigado), "você é engraçado" (obrigado), "você é sensível" (obrigado), "você é bonito" (muito obrigado). E quando eu me afasto pra dar uma olhada mais geral no quadro, é uma porra de tela branca comigo no meio.
E assim como tem os amigos, tem também aqueles que não tem mais o que fazer e chegam pra criticar; "você é lerdo" (sou?), "você é frio" (mentira), "você é gordo" (tá, isso é verdade, mas tem gente que gosta), "você é carente demais" (porra, mas eu não era frio?). E eu fico meio perdido nessa, sem saber exatamente o que fazer. E ela, a tal da Solidão, senta aqui do meu ladinho no sofá pra ver seriado comigo enquanto isso.
Eu não sou fútil a ponto de ser considerado só um cara que não come ninguém, não é nada disso, nunca foi a respeito de sexo, aí é que tá, sexo é a parte fácil de conseguir, a parte barata, a parte suja. A parte importante é encontrar alguém pra ficar no lugar da maldita Solidão.
Alguém pra compartilhar os altos e baixos da vida. Alguém pra espantar a Solidão. Não qualquer uma, óbvio, tem que ser alguém especial, com as qualidades de uma heroína grega. Linda, inteligente, carismática, engraçada, madura. As heroínas gregas eram engraçadas? Não importa, a minha heroína será. Ela é na verdade. Acho que essa é a parte em que entra o Ódio.
Ódio, palavrinha curta e grossa, passa exatamente a mensagem. Acho que por isso imagino o Ódio como um cara baixinho, na casa dos 50 anos, pq o ódio é antigo afinal de contas. Ele tem cara de poucos amigos, traço óbvio, talvez um bigodão rabo-de-andorinha e imagino que seja resmungão.
Mas qual o papel do Ódio nisso tudo? Você pode estar meio confuso a essa altura, mas eu explico.
Ódio me faz pegar todas as qualidades que os amigos me falaram e guarda-las num cofre. Aí ele me faz pegar todos aqueles defeitos que os "não tão amigos" apontaram e me faz coloca-los num pedestal, numa estante de troféus. E aí é só nisso que eu consigo pensar. No quanto eu sou defeituoso, falho, desajeitado, inepto. E com o tempo, isso enche sua cabeça de idéias malucas. Te devora pro dentro como uma doença. E aí quando você percebe (se é que percebe), você está podre por dentro.
Você tem que lutar contra o Ódio, aí eventualmente você percebe que ele não ta te jogando contra as pessoas que você gosta, ele só te coloca na frente de um espelho que você pode agarrar pelo pescoço, ele te coloca contra você mesmo.
E eu não consigo deixar de me odiar por não conseguir fazer o que quero. Conseguir fazer dar certo. Claro que eu disfarço bem, Ódio não é um sentimento que atraia as pessoas, então você acaba virando um especialista em rir na hora certa, em contar a piada certa, em acenar com a cabeça na direção certa, quando na verdade tudo que você quer é um abraço e poder desabar no choro sem ninguém pra te julgar. Ajudam os ombros amigos, e eu não posso reclamar, tenho amigo pra caralho, mas no final da noite, e no ombro dela que você chora, no ombro da Solidão.
Por isso acaba sendo tão importante ter sua heroína grega lá pra você, mesmo que idealizada, não tem importância, você aprende a conviver com as falhas dela depois, mas é imprescindível que seja no ombro dela que você possa chorar, e que ela não te julgue. Porque mesmo que de repente ela não seja tão engraçada assim, ou tão bonita, carismática, e mesmo se ela não der conta de matar um minotauro com as mãos nuas, ela ainda está lá pra você e isso é o que mais importa, isso é tudo que importa.
E aí eu sou obrigado a voltar ao Ódio, essa entidade tão potente. Porque ele me faz perceber o quanto eu faço tudo errado, nas horas erradas, do jeito errado. Tímido demais, bêbado demais, distante demais, próximo demais. E aí pode parecer que ter esse insight todo me ajuda a lidar com isso, afinal eu sou o cara Zen da turma, de todas elas, só pra ficar claro.
Não ajuda. Acho que pra falar a verdade só piora, o fato de eu conseguir enxergar tudo isso tão claramente e não poder fazer nada a respeito. Fortalece o Ódio e ele me empurra pro sofá, pra ver algum seriado abraçadinho com a Solidão.
Confesso que meditar tem me ajudado muito a enxergar tudo com clareza...
Confesso que meditar tem me ajudado a lidar com o ódio que eu tenho de mim mesmo...
Confesso que meditar tem me ajudado a pensar no outro lado da moeda...
Confesso que não tem sido difícil pra mim, mas tem sido frustrante...
Confesso que acho que por isso eu achei tão bom alguém ver um pedaço de bondade em mim, por isso eu fiquei tão feliz com aquele comentário aleatório de um desconhecido...
Confesso que eu achava que não estava sendo egoísta, mas eu estou sim...e acabei de perceber isso, agora no final do texto...
Confesso que perceber que eu estou errado mais uma vez alimenta o Ódio, mas me dá uma sensação de libertação nesse caso...
Confesso que mesmo eu tendo a motivação errada pra escrever esse texto, ainda acho ele válido...
Confesso que não me ensinaram o que é desistir, não nesses casos...
Confesso que eu não pretendo desistir, não por teimosia, mas por ter a certeza que tudo o que eu disse daquela primeira vez não foi papo, teve significado e eu continuo acreditando em cada palavra...
Confesso que pra quebrar o gelo, faço uma piada agora no final...
Agradeço aos que tiveram saco pra ler, agora eu tenho que ir salvar o mundo...*Colocando uma sunga vermelha por cima da calça de moleton e amarrando uma capa branca no pescoço*
Gordon "Troll" Banks, mais iluminado do que esteve em semanas...
PS: Agradecimento ao Doug que foi procurar o feminino de Hero pra mim, hauahuahuahauah
terça-feira, 23 de junho de 2009
sábado, 13 de junho de 2009
Gordonzilla
E aí do nada me bate aquela vontade de novo...
Aquela vontade sabe, aquela que todo mundo tem...de ser gigante e sair pisando em tudo, destruindo as coisas, matando as pessoas e obliterando a existência na Terra!
Espera aí, isso não é uma vontade que todo mundo tem? Tem certeza? Como isso seria diferente de "Um dia de Fúria" por exemplo, pegar uma escopeta e sair atirando nos restaurantes de Fast Food da vida. Eu admito que minha vontade talvez seja um pouco mais apocalíptica, mas isso é só porque minha percepção do mundo é mais apocalíptica.
As pessoas são doutrinadas a serem sensíveis, as "pessoas". Claro que se você é homem, ser sensível é bichisse, e se você é mulher ser sensível é ser submissa, no final das contas todo mundo joga a sensibilidade pro alto e foda-se. Aí as pessoas fingem que sofrem quando veem um atentado terrorista que aconteceu a quilômetros dali, ou quando veem um acidente de avião, ou um bezerro de três cabeças, quando na verdade o que eles estão pensando é "Ainda bem que não é comigo".
E como não podia deixar de ser, as pessoas que sentem as coisas, que sentem o mundo, que sentem os acontecimentos da vida, são consideradas dramáticas demais, estressadas demais, sensíveis demais. Eu estou no meu inferno particular no momento, e claro que vão dizer que eu to exagerando.
Mas se o Michael Douglas pode sair atirando por aí, pq eu não posso ficar gigante e destruir o mundo?
Por que não resolveria nada, você meu esperto leitor pode ter respondido. Tudo bem, admito, não ia mesmo resolver nada, mas eu só queria aliviar o meu estresse...no mundo. Em vocês. Acho que é por isso que a cada 2 meses eu chego numa crise que só consigo superar descarregando nesse mofado e esquecido blog minhas palavras amargas. Nem sempre amargas, mas geralmente.
Então, acho que concluindo, meu jeito de ficar gigante e esmagar o mundo é escrever aqui. Se eu parar por aqui, acho que o texto vai ficar imcompleto, mas se eu continuar vou acabar dizendo bobagens, então acho que vocês terão que se contentar com isso, reflitam sobre como vocês atiram em fast foods e esmagam o mundo, e se concentrem nisso, valvulas de escape são necessárias pra se manter a civilidade que prezamos tanto (pfff).
Aquela vontade sabe, aquela que todo mundo tem...de ser gigante e sair pisando em tudo, destruindo as coisas, matando as pessoas e obliterando a existência na Terra!
Espera aí, isso não é uma vontade que todo mundo tem? Tem certeza? Como isso seria diferente de "Um dia de Fúria" por exemplo, pegar uma escopeta e sair atirando nos restaurantes de Fast Food da vida. Eu admito que minha vontade talvez seja um pouco mais apocalíptica, mas isso é só porque minha percepção do mundo é mais apocalíptica.
As pessoas são doutrinadas a serem sensíveis, as "pessoas". Claro que se você é homem, ser sensível é bichisse, e se você é mulher ser sensível é ser submissa, no final das contas todo mundo joga a sensibilidade pro alto e foda-se. Aí as pessoas fingem que sofrem quando veem um atentado terrorista que aconteceu a quilômetros dali, ou quando veem um acidente de avião, ou um bezerro de três cabeças, quando na verdade o que eles estão pensando é "Ainda bem que não é comigo".
E como não podia deixar de ser, as pessoas que sentem as coisas, que sentem o mundo, que sentem os acontecimentos da vida, são consideradas dramáticas demais, estressadas demais, sensíveis demais. Eu estou no meu inferno particular no momento, e claro que vão dizer que eu to exagerando.
Mas se o Michael Douglas pode sair atirando por aí, pq eu não posso ficar gigante e destruir o mundo?
Por que não resolveria nada, você meu esperto leitor pode ter respondido. Tudo bem, admito, não ia mesmo resolver nada, mas eu só queria aliviar o meu estresse...no mundo. Em vocês. Acho que é por isso que a cada 2 meses eu chego numa crise que só consigo superar descarregando nesse mofado e esquecido blog minhas palavras amargas. Nem sempre amargas, mas geralmente.
Então, acho que concluindo, meu jeito de ficar gigante e esmagar o mundo é escrever aqui. Se eu parar por aqui, acho que o texto vai ficar imcompleto, mas se eu continuar vou acabar dizendo bobagens, então acho que vocês terão que se contentar com isso, reflitam sobre como vocês atiram em fast foods e esmagam o mundo, e se concentrem nisso, valvulas de escape são necessárias pra se manter a civilidade que prezamos tanto (pfff).
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